Margem dos cinco maiores bancos dispara 80% para 6,7 mil milhões
A diferença entre os juros pagos nos depósitos e cobrados nos créditos atingiu um recorde nos primeiros nove meses e empurrou os lucros consolidados dos bancos.
Os cinco maiores bancos que operam em Portugal obtiveram, em conjunto, uma margem financeira de 6,7 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um encaixe 80% superior aos 3,8 mil milhões verificados no período homólogo.
Terminadas as apresentações de resultados dos principais bancos que operam no pais, é possível concluir que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o BCP ficam quase empatados no pódio das instituições que mais beneficiaram da subida: ambos registaram uma margem de cerca de 2,1 mil milhões de euros, com uma vantagem muito ligeira para a instituição liderada por Miguel Maya. O Santander reportou um valor de mil milhões de euros, enquanto o Novo Banco alcançou 831 milhões e o BPI conseguiu 693 milhões.
O valor recorde - apurado em termos consolidados e que engloba toda a atividade das instituições, incluindo no estrangeiro – explica-se em grande medida com os 5,4 mil milhões de euros obtidos em território nacional e acontece devido à subida das taxas de referência do Banco Central Europeu (BCE), que desde julho do ano passado já as alterou por dez vezes para tentar travar a inflação.
Em Portugal, a diferença entre os juros cobrados nos créditos e aqueles que os bancos pagam nos depósitos e outras fontes de financiamento atingiu 5,35 mil milhões de euros entre janeiro e Setembro, mais do que duplicando os 2,5 mil milhões apresentados no mesmo período de 2022.
O valor naquele ano foi uma evolução ligeira em relação à tendência dos cinco exercícios anteriores: de 2019 até agora, o encaixe com a margem financeira nos primeiros três trimestres de cada ano oscilou sempre entre 2,4 e 2,5 mil milhões de euros.
Neste aspeto a CGD destaca-se. A margem financeira rendeu ao banco público 1,7 mil milhões de euros em Portugal. O valor é muito semelhante à soma das margens do BCP (1,1 mil milhões de euros) e do BPI (688 milhões) no mesmo período. O Novo Banco conseguiu 831 milhões, enquanto o Santander atingiu mil milhões.
Margem recorde dá lucro recorde
Os cinco maiores bancos viram a margem financeira impulsionar o lucro conjunto para o patamar de 3,3 mil milhões de euros entre janeiro e setembro. O número compara com os 1,9 mil milhões registados no mesmo período de 2022, num crescimento de cerca de 75%. Em 2021 o resultado líquido somado destas cinco instituições tinha atingido pouco mais de mil milhões de euros.
A Caixa Geral de Depósitos destacou-se com um resultado próximo de mil milhões de euros. O BCP conseguiu 651 milhões, o Novo Banco apresentou 639 milhões e o Santander Totta lucrou 622 milhões de euros. O BPI atingiu 390 milhões.
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