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A história dos CTT: De 70 mil cruzados a negócio de muitos milhões

Vencer a distância. E a geografia. Foi com este objectivo que nasceu a empresa que sai agora das mãos do Estado português. Uma empresa que, na sua história, conta a história de um País.

Bloomberg
05 de Setembro de 2014 às 13:14

Com quase 500 anos de vida, o nascimento dos CTT remonta a 1520, altura em que a epopeia dos Descobrimentos colocou Portugal no centro do mundo, obrigando a Coroa, a nobreza e a burguesia a contactos com outros Estados e mercadores. Foi essa necessidade que levou D. Manuel I, a 6 de Novembro de 1520, a publicar a Carta Régia que criava o ofício de Correio-Mor, entregando a gestão deste serviço público ao seu Cavaleiro Luís Homem.

De acordo com o documento "Vencer a Distância. Cinco Séculos dos Correios em Portugal", da Fundação Portuguesa das Comunicações, o Correio-Mor foi um cargo de nomeação régia até 1606, quando foi vendido pelo rei Filipe II a Luís Gomes da Mata, pela quantia de 70 mil cruzados. Durante dois séculos, a família Gomes da Mata manteve a posse da exploração dos correios e procurou modernizá-los.

Contudo, até ao século XVII, os principais "clientes" continuavam a ser a nobreza, a Coroa e os homens de negócios, e a morosidade mantinha-se como a principal característica do serviço. Com entregas a pé e a cavalo, em estradas de má qualidade, o percurso entre Lisboa e Braga nunca demorava menos de sete dias.

As críticas à qualidade do serviço levaram o rei a incorporá-lo no Estado em Janeiro de 1797, pretendendo, com isto, não só melhorar a sua eficiência, mas apoderar-se de uma fonte significativa de rendimentos e do controlo da informação que circulava. No ano seguinte, estavam criadas as Mala-Postas, que garantiram, pela primeira vez, um serviço regular de correios. Ao mesmo tempo que criava as Mala-Postas, o Estado apostava também na entrega ao domicílio que, em 1821, começou a funcionar na cidade de Lisboa.

Finalmente, a revolução do Fontismo chegou também aos Correios, com a aprovação da Reforma Postal, ainda considerada a matriz do correio moderno português, que se tornou verdadeiramente acessível a toda a população em 1893.  

A caminho da nacionalização e, daí, à privatização

Entre 1910 e 1960, os Correios consolidaram a sua estrutura e organização, acompanhando todos os desenvolvimentos ao nível dos transportes. Apesar do crescimento, o número de utentes no País só começou a aumentar de forma significativa a partir da década de 1960.

Até que dez anos depois, em 1970, os correios passam a empresa pública, designada por CTT – Correios e Telecomunicações de Portugal. A empresa ganha um novo dono e, simultaneamente, um novo alcance, com a criação do Comboio Expresso Postal, em 1972, que seria o percursor de todos os serviços rápidos desenvolvidos nos anos seguintes.

Mas o passo mais importante, a nível organizacional, segundo o documento da Fundação Portuguesa das Comunicações, viria a ser dado no final dos anos 1970, com o surgimento do código postal, que permitiu o encaminhamento electrónico da correspondência. Dois anos depois, em 1992, os correios são separados das telecomunicações e é criada a empresa CTT – Correios de Portugal SA, sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos. Os anos 90 marcam uma evolução exponencial no funcionamento dos correios em Portugal, e nascem serviços como o correio azul, o Post Log e o Corfac.

A privatização viria a ser anunciada no dia 25 de Julho de 2013, prevendo o Executivo de Pedro Passos Coelho a venda de até 100% do capital da empresa. A primeira fase de privatização, que incluiu a dispersão em bolsa de parte do capital, representou um encaixe de 579 milhões de euros, e a segunda, concluída esta sexta-feira, 343 milhões de euros.

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