O Grupo Espírito Santo (GES) pode vir a receber uma indemnização de até 510 milhões de dólares (381 milhões de euros) em resultado das fraudes registadas no Bankest, uma empresa de "factoring" com sede em Miami, onde o grupo deteve uma participação de 50% até 2002.

Esta possibilidade surge depois de um tribunal de Miami ter declarado a firma de contabilidade BDO Seidman como negligente, responsabilizando-a por ter sido incapaz de detectar as fraudes ocorridas no Bankest e que lesaram o GES em 170 milhões de dólares (127 milhões de euros).

A decisão do tribunal foi divulgada na edição de sábado do "Miami Herald" e permite agora ao grupo português avançar com um pedido de indemnização que pode ir até aos 510 milhões de dólares, durante a segunda fase do julgamento que se inicia já na próxima semana. Steven Thomas, advogado do GES, citado pelo jornal norte-americano, mostrou-se satisfeito com o veredicto. O júri deu como provada a acusação, segundo a qual o GES só estabeleceu uma parceria com o Bankest em resultado das falhas de auditoria da BDO Seidman, que acabaram por encobrir a verdadeira situação financeira da empresa de "factoring"

O GES avançou com este processo em 2004, acusando a BDO Seidman de ter sido incapaz de detectar as fraudes ocorridas no Bankest, em parte por a firma de contabilidade ter laços financeiros com um parceiro da empresa de "factoring" norte-americana.

A BDO Seidman, por seu turno, já referiu que o pagamento desta indemnização poderá obrigar a empresa a fazer despedimentos em massa. A BDO Seidman tem uma aliança com a BDO International que envolve 30 mil pessoas, entre "partners" e funcionários e registou no exercício de 2006 um volume de negócios de 3,9 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).