pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Campanha do Pingo Doce entre as críticas e os elogios

Uma acção "genial", como considera o sociólogo Villaverde Cabral, ou uma "lucrativa experiência comercial" utilizando os portugueses como "cobaias", conforme nota o eurodeputado Rui Tavares? A promoção de ontem do Pingo Doce anda nas bocas de meio mundo.

02 de Maio de 2012 às 09:37

A Jerónimo Martins conseguiu chamar às suas lojas Pingo Doce milhares de clientes no Dia do Trabalhador, com um desconto de 50% que semeou o caos naqueles supermercados, a troco de poupanças superiores a 50 euros por cliente. A acção do grupo retalhista provocou reacções diversas na opinião pública e publicada.

O sociólogo Manuel Villaverde Cabral classifica como “genial” a campanha do Pingo Doce. “Acho esta acção genial, já que o 1º de Maio é o dia do consumidor, pois as pessoas trabalham para consumir. É um escape colectivo de uma sociedade submetida a uma pressão incrível”, afirmou Villaverde Cabral ao jornal “i”.

Já o eurodeputado e historiador Rui Tavares, na sua habitual crónica no “Público”, nota que “uma cadeia de supermercados decidiu fazer dos portugueses as cobaias de uma lucrativa experiência comercial, boicotando o 1º de Maio”. “Mas não foi hoje, 1º de Maio, em frente à caixa do Pingo Doce, que começámos a ser mercadoria. Claro, o governo vendeu-nos como mercadoria quando permitiu que estes patrões usassem o Estado como se fosse deles”, escreve ainda Rui Tavares.

O presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, Mário Frota, considera a operação como sendo de “duvidoso mau gosto”. “Quero dizer que se afigura de muito mau gosto que se faça uma campanha destas como um afrontamento aos trabalhadores”, comentou Mário Frota ao “Diário de Notícias”, considerando ainda que algumas famílias “podem estar a comprometer os dinheiros do mês e a comprar o que não precisam”.

Por seu lado, o advogado Gonçalo Anastácio sublinhou à TSF que a lei da concorrência está desactualizada e que a moldura sancionatória para a campanha do Pingo Doce, caso se prove que vendeu abaixo do custo, “não tem qualquer eficácia dissuasora”, já que o máximo por infracção é de 15 mil euros, com um cúmulo jurídico até 30 mil euros.

O Bloco de Esquerda já solicitou, através da deputada Catarina Martins, a intervenção da Autoridade da Concorrência, classificando a acção da cadeia Pingo Doce como uma “atitude provocatória contra os direitos dos trabalhadores”.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio