Dona do Casino Portugal prepara entrada em bolsa a valer mais de 4 mil milhões
Empresa espanhola de jogos e apostas, que é detida pela gigante “private equity” norte-americana Blackstone, controla a plataforma portuguesa de jogo online e firmou a entrada no capital da concessionária do Casino da Figueira.
Fundada em 1978, a espanhola Cirsa é uma das maiores empresas do setor de jogos e apostas, presente em dez países e com 16 mil trabalhadores. Anualmente, regista mais de 50 milhões de visitantes e tem receitas próximas dos dois mil milhões de euros. Agora, a empresa está prestes a entrar no jogo da bolsa, com uma entrada no mercado avaliada em 4,15 mil milhões de euros.
Segundo o El Economista, a entrada em bolsa pode acontecer nas próximas semanas, ainda antes do verão, num contexto em que o mercado bolsista europeu começa a dar sinais de maior estabilidade, apesar das incertezas económicas globais.
A Blackstone, “private equity” norte-americana que controla a empresa, já procurava avançar com a operação antes do início de 2025. Inicialmente, falava-se numa oferta pública de venda (OPV) no valor de mil milhões de euros, no entanto, fontes do mercado apontam para que o valor poderá agora situar-se nos 700 milhões de euros, refletindo os ajustes do mercado à guerra tarifária e as suas consequências.
Ainda assim, as empresas europeias do setor dos jogos registaram subidas médias de 30% em 2025, três vezes mais do que o índice EuroStoxx 50. A título de exemplo, a empresa italiana Lottomotica, que opera no mesmo segmento, subiu 75% desde o início do ano. Estes fatores podem motivar a Cirsa, que possui vários casinos, um site online de apostas e várias máquinas e espaços de jogo, a aproveitar a maré de sorte.
Para 2025, a empresa prevê fechar as contas com um EBITDA entre os 740 e 750 milhões de euros, um crescimento até aos 7% face aos resultados de 2024. De acordo com o económico espanhol, o desempenho está acima das previsões para os seus principais concorrentes europeus.
O valor de entrada na bolsa foi precisado com base nos comparáveis, atribuindo-se um valor empresarial de cerca de 6,3 mil milhões de euros. Abatida a dívida, de 2,372 mil milhões de euros no último trimestre e considerada a sua situação de tesouraria, chega-se ao valor de mercado de 4,15 mil milhões de euros, que ainda poderá sofrer alguns ajustes, como com o desconto de entrada em bolsa, que pode chegar até aos 15%.
Embora tenha presença no jogo online, mais de 85% dos lucros da Cirsa advêm dos casinos e máquinas de jogo. Em 2024, só a divisão de máquinas em Espanha gerou 190 milhões de euros de EBITDA, enquanto os casinos representaram 58% do total dos lucros.
A Cirsa tem operações em vários países, incluindo Espanha, Itália, Panamá, Colômbia e México. Para além disso, a Blackstone, que detém a Cirsa, entrou recentemente no Casino da Figueira da Foz, numa “joint venture” com a Amorim Turismo. A operação seguiu-se à aquisição pela “private equity” norte-americana de 68% da plataforma de jogo online Casino Portugal, que era da Amorim Turismo. Sobre a compra, a Cirsa explicava que “esta aquisição é consistente” com a sua “estratégia de fusões e aquisições focada no espaço online e posiciona a Cirsa como um ‘player’ significativo no relevante mercado português de jogos online e apostas desportivas, que está entre os mercados de crescimento mais rápido na Europa”.
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