Governo anulou concurso Lisboa-Poceirão "para diminuir recurso ao crédito bancário"
António Mendonça salientou que a anulação do concurso da ligação do TGV Lisboa-Poceirão visava não onerar o Estado e os contribuintes nos anos vindouros, e aproveitou para responder a Cavaco Silva sobre o investimento na economia do mar.
O ministro das Obras Públicas, que está no Parlamento a explicar o projecto de Alta Velocidade, afirmou, em resposta a Paulo Portas, que a preocupação do Governo quando anulou o troço Lisboa-Poceirão (que contempla a construção da terceira travessia sobre o Tejo - TTT) foi a de “diminuir o recurso ao crédito bancário”, de forma a diminuir “impactos futuros para o contribuinte e para o Estado”.
Ainda sobre o mesmo troço, o ministro justificou aquilo que os deputados apontaram como discrepâncias nos números associados aos projectos. “Na altura falávamos de uma parceira público-privada (PPP), hoje falamos de duas”, sublinhou, salientando que espera apresentar novos números quando o Governo “tiver a certeza do custo efectivo da TTT”. “Vamos trabalhar para que os custos foram diferentes. Se forem diferentes significa que fazemos bem o nosso trabalho”.
O elevado número de administradores na TAP, que originou protestos de vários deputados, não se verifica na Rede Ferroviária Nacional (Refer), segundo António Mendonça. “Já assisti aqui a intervenções dos senhores deputados a criticar o excesso de administradores, mas na Refer não há administrador financeiro, não é necessário”, apontou. “Uma das medidas que estamos a estudar é diminuir as necessidades em termos de administradores, que além de ser uma preocupação dos deputados também é do Governo”.
O ministro falou ainda da economia do mar, assunto abordado por Cavaco Silva, que pedia mais investimento no sector. “A alta velocidade é um projecto que podemos inserir dentro da preocupação que o Governo tem com a economia do Mar”, uma vez que na ligação Lisboa-Madrid está previsto, além da linha de alta velocidade, “uma linha paralela convencional que vai permitir articular os três portos – Lisboa, Setúbal e Sines - com a plataforma do Poceirão, com plataformas logísticas da fronteira – Elvas e Badajoz – e que vai permitir integrar a rede de mercadorias na rede espanhola e europeia”.
“A atenção que Governo tem dado aos portos é muito particular”, assegurou António Mendonça. “É uma atenção que tem perspectiva integrada, de que estes projectos contribuem todos para a criação de novas condições para a competitividade do país”, vincou.
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