Teresa Salema: "Preferimos apostar em iniciativas sustentáveis, em vez de remediar"
Fundação usa tecnologias de informação e comunicação, aliadas à inovação, para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Educação e saúde são algumas das áreas de actuação.
Apoiar projectos sustentáveis na saúde, educação e inclusão digital é a principal missão da Fundação Portugal Telecom (PT). Teresa Salema, directora da Fundação, explicou como as tecnologias podem fazer a diferença e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Porque é que a Portugal Telecom decidiu criar uma fundação?
A Portugal Telecom acredita que através da tecnologia é possível ter um impacto social grande nas sociedades onde actua. Decidimos concentrar estas iniciativas numa fundação.
Quando se debate o papel das instituições sociais, um dos temas em foco passa pelo duelo entre o assistencialismo e o empreendedorismo social. Qual é a sua posição em relação a este assunto?
Apostamos preferencialmente em projectos sustentáveis, com a garantia de determinadas condições ao longo do tempo. Outras abordagens são ópticas de curta duração, que só vão remediar o problema. Por isso, preferimos apostar em iniciativas sustentáveis. Mas, não há dúvida que num contexto de crise, há situações muito dramáticas, situações de emergência social, em que às vezes é necessário dar determinados contributos. Isto não invalida que todo o nosso trabalho seja de longo prazo.
Nos outros países onde a PT está presente, a fundação também mantém algum tipo de actividade?
Nesses países actuamos localmente. Há empresas com marcas próprias a nível local, embora a fundação apoie estas entidades com questões do ponto de vista estratégico. Mas, é preciso ter em conta o contexto local. Ainda assim temos uma iniciativa, que é um projecto de telemedicina, em São Tomé e Príncipe. É um equipamento de telemedicina operado por uma ONG local e ligado a um hospital. No último ano e meio não foram evacuadas 1.000 pessoas, o que equivale a uma redução de 60% das transferências de São Tomé e Príncipe, graças a este equipamento.
Além desse projecto, que outras iniciativas desenvolvidas pela Fundação PT destacaria?
Temos 175 núcleos que suportam 10 mil pessoas tetraplégicas que usam produtos/tecnologias todos os dias para comunicar. Há crianças com paralisia cerebral que usam estas tecnologias, que conseguem a partir dos seis anos de idade ser integradas na primeira classe, ou adultos que conseguem ter o seu emprego. Há equipamentos, subsidiados pela Fundação, para os tornar menos dependentes da sociedade. Na educação, há a teleaula, que é um sistema de videoconferência adoptado ao meio escolar e desenvolvido pela PT Inovação. A fundação ofereceu 27 sistemas, que são geridos pelo Ministério da Educação e pela Acreditar, para que crianças com doenças de longa duração possam seguir as aulas.
Fundação Portugal Telecom
Quando foi criada
A Fundação PT foi criada em 2003 e é a única do sector com estatuto de utilidade pública.
De onde vem o dinheiro da Fundação
Os fundos da Fundação provêm exclusivamente das empresas do grupo PT, não existindo qualquer fonte de rendimento ou financiamento público.
Onde é aplicado
A Fundação tem como objectivo apoiar projectos e programas em três grandes áreas - saúde, educação e inclusão digital - onde as tecnologias e as telecomunicações contribuam para melhorar a vida das pessoas. A instituição dá especial atenção ao apoio aos cidadãos com necessidades especiais de comunicação, desenvolvendo vários programas dedicados a estas pessoas.
Que iniciativas têm sido desenvolvidas
Na área da inclusão social, a Fundação PT tem vários projectos, como o Soluções Especiais PT subsidiadas pela Fundação, adaptadas às necessidades dos cidadãos com deficiências, que possibilitam o acesso à actividade escolar, profissional e social deste segmento da população, contribuindo de forma estruturada para a sua inclusão digital. Na educação, além de vários projectos dedicados também a pessoas com necessidades especiais, a Fundação PT dá, por exemplo, acesso a bolsas de estudo. Na saúde, uma das iniciativas é o programa Baby Care, que permite aos pais de filhos prematuros estarem em casa a ver os seus bebés, através de um computador.
Qual é o orçamento
O orçamento de 2011 foi de 4,27 milhões de euros, tendo-se registado um acréscimo de 22% face ao ano anterior.
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