Depois da maior central solar, chineses querem continuar a investir nas renováveis em Portugal
A área da energia em Portugal volta a ser alvo do investimento chinês. Um consórcio sino-irlandês vai investir 200 milhões de euros na maior central solar sem tarifas subsidiadas da Europa no Algarve. A central Solara4 em Alcoutim, distrito de Faro, vai ter uma capacidade instalada de 220 megawatts/pico (MWp). As obras do projecto promovido pelos chineses da China Triumph International Engineering Company (CTIEC) e pelos irlandeses da Welink Energy arrancam em Abril e vão ter a duração de dois anos.
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Mas o grupo chinês promete não parar por aqui e garante que vai continuar a investir no país. "Este é o nosso primeiro projecto em Portugal, mas no futuro, no espaço de três a cinco anos, queremos atingir um gigawatt (GW)" de potência, disse ao Negócios o presidente da CTIEC, Peng Shou.
Sobre os níveis de investimento, Peng Shou prevê que o "investimento no futuro seja entre cinco e dez vezes mais" face ao investido em Alcoutim, afirmou em declarações recolhidas à margem da cerimónia de lançamento da Solara4.
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A empresa chinesa adianta que está interessada em investir em centrais solares e eólicas e também abre a porta ao investimento em "casas amigas do ambiente para habitação".
Sobre a receptividade que a CTIEC teve em Portugal por parte das autoridades oficiais, o gestor deixou vários elogios. "Fui muito bem recebido, quero agradecer ao Governo português o forte apoio. No futuro, a China quer dar a sua grande contribuição para a continuação do desenvolvimento económico de Portugal, e quer continuar a investir fortemente em Portugal".
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A central Solara4 terá a capacidade de produzir anualmente 383 gigawatts hora (Gwh), o equivalente ao consumo anual de cidades como Leiria, Coimbra ou duas vezes Faro.
Também os irlandeses da Welink Energy prevêem a possibilidade de investir mais em Portugal. "Acreditamos que sim. Operamos em 11 países e sempre que entramos num país, ficamos e crescemos nesse país. Queremos ficar aqui no longo prazo", disse ao Negócios o presidente executivo da Welink, Barry O’Neill.
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O responsável da companhia celta admite que futuros investimentos possam vir a ter lugar com empresas portuguesas. "Quando olhamos para o longo prazo vemos diferentes oportunidades com investidores locais, com bancos, está tudo aberto para discussão".
O Governo, por seu turno, destacou que a mais valia desta central solar é não ter direito a tarifas subsidiadas. "Este é um projecto que não necessita de ser subsidiado pelos consumidores para a sua sobrevivência. Mas vai permitir um desenvolvimento extraordinário com algo que caracteriza o nosso país: o sol", disse o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.
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Já o autarca de Alcoutim destacou pela positiva a criação de 200 postos de trabalho durante a construção da central, número que pode subir para os 600 trabalhadores no pico de actividade. Quando estiver em operação, a central solar vai empregar 30 trabalhadores para assegurar a operação e manutenção.
Mas Osvaldo Gonçalves (PS) revelou que a autarquia não vai receber contrapartidas pela central, uma prática comum em diversas centrais eólicas e barragens em Portugal. "Em termos de benefícios directos, de contrapartidas financeiras, não foi nada articulado. Quando conversámos com a empresa, com os parceiros, tentámos sempre extrair as mais valias possíveis. Efectivamente ficámos um pouco decepcionados com a ausência de mecanismos que nos tragam directamente contrapartidas financeiras", afirmou o autarca.
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