Galp está preocupada com a situação em Moçambique

A petrolífera nacional está a desenvolver um projecto de gás natural no valor de 40 mil milhões no país lusófono, que tem das maiores reservas mundiais, e está a acompanhar a situação de perto, depois do FMI e do Banco Mundial suspenderem pagamentos.
Miguel Baltazar/Negócios
André Cabrita-Mendes 29 de Abril de 2016 às 15:04

A Galp está preocupada com a actual situação económica e financeira de Moçambique. A petrolífera está a desenvolver um projecto de gás natural no valor de 40 mil milhões de euros no país e olha com apreensão para os desenvolvimentos recentes.

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"Claro que estamos preocupados com o que está a acontecer em Moçambique", disse o presidente da Galp esta sexta-feira, 29 de Abril, numa chamada telefónica com analistas, após ser questionado sobre a situação no país lusófono.

Carlos Gomes da Silva recordou que a petrolífera tem investimentos tanto no sector de exploração e produção de gás natural ("upstream") na bacia de Rovuma no norte do país, como também na refinação e distribuição ("downstream"), contando com 34 postos de abastecimento.

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"Estamos a investir tanto no "upstream" como no "downstream". Estamos a investir em dois parques [de armazenagem de gás natural], em Maputo e no Norte, na Beira. E é claro que estamos preocupados", reforçou. 

É de sublinhar que o país lusófono detém das maiores reservas mundiais de gás natural. E além da Galp explorar este gás, está também a desenvolver um projecto de 37 mil milhões de euros para transformar e transportar este gás natural.

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Gomes da Silva sublinhou que este projecto está menos exposto ao "contexto em Moçambique e e está mais exposto ao mercado internacional" de gás natural liquefeito (gás em estado líquido para ser transportado).

"Claro que para fins de financiamento, e sendo uma actividade exposta a Moçambique, pode ter um impacto", destacou o gestor, sublinhando que o consórcio encontra-se actualmente a preparar a estrutura de financiamento do projecto.

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"Estamos a acompanhar o que se está a passar. Mas a nossa energia esta direccionada para a optimização de custos e eficiência, para que os parceiros tomem uma decisão de investimento este ano", assegurou Gomes da Silva aos analistas.

A situação económica e financeira de Moçambique têm vindo a agravar-se, depois de ter sido tornado público a existência de uma dívida fora das contas públicas no valor de 1,25 mil milhões de euros. Esta dívida nasceu de empréstimos do Governo a empresas públicas, como avançou o Financial Times.

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Em reacção, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cancelou a missão que tinha previsto para Moçambique e cancelou depois o pagamento da segunda tranche no valor de 155 milhões de dólares de um empréstimo total de 285 milhões.

Mais tarde, o Banco Mundial anunciou a suspensão de alguns dos seus empréstimos ao país, aguardando por uma nova avaliação da sustentabilidade da dívida do país. Só depois é que será tomada uma decisão sobre o montanto do apoio a conceder a Maputo.

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Ao mesmo tempo, continuam a haver focos de instabilidade política no país. No dia 25 de Abril, o principal partido da oposição, a Renamo tentou ocupar, sem sucesso, um posto administrativo do Governo no centro do país. 

A crise política no país arrasta-se desde 2014, depois da Renamo recusar reconhecer a derrota nas eleições gerais para a Frelimo, partido que está no poder desde a independência do país em 1975.

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E é no meio desta tensão política que o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, prepara-se para visitar Moçambique na próxima semana, entre o dia três e sete de Maio.

A Galp divulgou esta sexta-feira uma queda de 6% nos lucros do primeiro trimestre para 114 milhões de euros.

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