"Se queremos descarbonizar, é preciso discutir quem paga o diferencial de custo", diz a Galp
A Galp voltou a apontar o dedo à diferença de incentivos públicos à transição energética entre Portugal e Espanha. Segundo Nuno Bastos, vice-presidente executivo de Upstream, a empresa investiu 650 milhões de euros nos projetos de hidrogénio e HVO (Óleo Vegetal Hidrotratado) em Sines, mas recebeu apenas 9 milhões de euros de apoio público no âmbito do PRR.
“Em Espanha, projetos de dimensão idêntica receberam entre 150 e 165 milhões de euros. A diferença é gritante e afeta diretamente a competitividade da indústria portuguesa”, afirmou o gestor.
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Os projetos em Sines são estratégicos para a descarbonização das refinarias da Galp, mas Bastos deixou claro que o atual nível de incentivos “não cobre o diferencial de custo entre as tecnologias verdes e as convencionais”. “Produzir hidrogénio verde continua a ser entre três e cinco vezes mais caro do que o hidrogénio azul. Se queremos descarbonizar, é preciso discutir quem paga o diferencial”, apontou o gestor.
Apesar das críticas, o responsável garantiu que a Galp vai manter os investimentos na transição energética, suportados pela forte geração de caixa do upstream, sobretudo pelo projeto Bacalhau, no Brasil. “O upstream dá-nos a capacidade financeira para investir na descarbonização. Mas é preciso que o país também jogue nesse sentido”, concluiu.
"O projeto Bacalhau, no Brasil, vai gerar cerca de 400 milhões de dólares por ano em free cash flow no pico e é com esse dinheiro que financiamos os investimentos em hidrogénio, biocombustíveis e descarbonização das refinarias”, explicou.
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