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Há 15 anos que Portugal não consumia tanta eletricidade. 10% foi importada

Entre janeiro e junho, a produção renovável abasteceu 77% do consumo no país, diz a REN. A produção a gás natural abasteceu outros 13%, enquanto os restantes 10% corresponderam a energia importada.

Pascal Rossignol
01 de Julho de 2025 às 13:14

Mesmo com o país às escuras por mais de 12 horas, por causa do apagão de a 28 de abril,  o consumo de eletricidade em Portugal atingiu o valor mais elevado de sempre no primeiro semestre de 2025, revela a REN - Redes Energéticas Nacionais. O anterior recorde de procura de energia elétrica tinha sido registado há 15 anos, em 2010.

No acumulado entre janeiro e junho, refere o operador do sistema elétrico nacional, a produção renovável abasteceu 77% do consumo, com a hidroelétrica a representar 36%, a eólica 26%, a solar 11% e a biomassa 5%. Os índices médios de produtibilidade no semestre foram de 1,41 para a hidroelétrica, 0,98 para a eólica e 0,88 para a solar .

Nos primeiros seis meses do ano Portugal consumiu 26.229 gigawatts-hora, ultrapassando em cerca de 240 GWh o anterior máximo, datado de 2010. Este valor representa um crescimento de 2,2% face ao mesmo período do ano passado, ou 2% considerando os efeitos da temperatura e do número de dias úteis, diz a REN em comunicado. Já a produção a gás natural abasteceu 13% do consumo, enquanto os restantes 10% corresponderam a energia importada. 

No que diz respeito apenas ao mês de junho, o consumo de energia elétrica registou um crescimento, de 4,4%, ou 3,1% com correção dos efeitos da temperatura e dias úteis. De acordo com a REN, apesar do aumento da procura, no mês passado as condições meteorológicas foram desfavoráveis para a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Em junho os índices de produtibilidade ficaram abaixo dos valores médios: 0,92 para a hidroelétrica, 0,88 para a eólica e 0,91 para a solar.

"Ainda assim, a energia solar manteve a tendência de crescimento, com picos diários superiores a 3.200 MW e, pela primeira vez, um peso mensal equivalente ao da energia eólica", explica a REN. No total, a produção renovável abasteceu 55% do consumo em junho, enquanto a produção não renovável respondeu por 17% e os restantes 28% foram assegurados por importações.

Uso de gás para produzir eletricidade disparou 32% em junho

Com as renováveis a produzir menos em junho, o consumo de gás natural registou no mês passado um disparo de 32% (face ao período homólogo), impulsionado pelo aumento da produção de eletricidade a partir de gás natural. Em sentido contrário, o segmento convencional, que inclui os restantes consumidores, registou uma quebra de cerca de 14%.

No primeiro semestre de 2025, o consumo acumulado de gás natural cresceu 10,1%, com o segmento de produção de eletricidade a mais do que duplicar face ao mesmo período do ano anterior. Já o segmento convencional registou uma contração de 7,6%, atingindo o valor mais baixo desde 2009.

O abastecimento do sistema nacional foi assegurado quase na totalidade pelo terminal de Gás Natural Liquefeito de Sines, com dois terços do gás proveniente da Nigéria. No total do semestre, 96% do aprovisionamento foi feito através de Sines, com a Nigéria e os Estados Unidos a representarem, respetivamente, 54% e 33% do total de gás consumido em Portugal.

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