Petrolífera Eni avança com megaprojeto de gás em Moçambique
Moçambique prevê arrecadar 23 mil milhões de dólares (20,1 mil milhões de euros ao câmbio atual), em 30 anos, com o projeto de exploração Coral Norte. O arranque deverá acontecer 2028.
A petrolífera Eni assina esta quinta-feira com Moçambique a Decisão Final de Investimento da segunda plataforma de gás na bacia do Rovuma, Coral Norte, por 7,2 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros).
A decisão, FID na sigla em inglês, é a última e crucial etapa no desenvolvimento de megaprojetos de energia e de acordo com fonte do executivo o compromisso será assumido em Maputo, em cerimónia agendada para as 16:00 locais (15:00 em Lisboa) com a presença do Presidente da República, Daniel Chapo, e da administração da petrolífera italiana.
A Eni vai operar o projecto FLNG Coral Norte - como já acontece com a Coral Sul -, em representação da Rovuma Mozambique Venture (MRV), consórcio com 70% de interesse participativo, o qual integra também a ExxonMobil e a China National Petroleum Corporation (CNPC).
Moçambique prevê arrecadar 23 mil milhões de dólares (20,1 mil milhões de euros), em 30 anos, com o projeto Coral Norte, a segunda plataforma (FNLG) da petrolífera Eni para produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, Cabo Delgado.
"De acordo com o plano de desenvolvimento aprovado, ao longo dos próximos 25 anos - portanto 30 anos que são parte deles para a construção e montagem deste sistema, cuja implementação durará 25 anos -, (...) o Governo arrecadará 23 mil milhões de dólares em receitas, impostos e outras contribuições", afirmou em abril o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa.
O porta-voz acrescentou que adicionalmente, o projeto, aprovado dias antes em Conselho de Ministros, "prevê ainda a disponibilização de gás natural ao mercado doméstico na proporção de 25% do total do gás a ser produzido, conforme a legislação nacional, e o condensado em 100% para a geração de energia", permitindo o "desenvolvimento de projetos de industrialização de Moçambique".
"O projeto vai igualmente gerar 1.400 empregos para moçambicanos, prevendo-se a implementação de um plano de sucessão para o aumento da qualificação e maior disponibilidade de mão-de-obra moçambicana no setor petróleo e gás", acrescentou.
O Governo moçambicano aprovou em 8 de abril o investimento da Eni no projeto de GNL Coral Norte, com previsão de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais (mtpa) e arranque em 2028.
"O plano constitui a segunda fase de desenvolvimento do campo Coral Norte, FLNG, e consiste em uma infraestrutura flutuante de liquefação de gás natural com a capacidade de 3,55 milhões de toneladas por ano e seis poços de produção, avaliados em cerca de 7,2 mil milhões de dólares norte-americanos, cujo início de produção está previsto para o segundo trimestre de 2028", anunciou na altura Inocêncio Impissa.
O diretor-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu em 16 de janeiro ao Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que previa alargar a operação no projeto de GNL na bacia do Rovuma, "projetando Moçambique no panorama global" gás natural.
Fonte da petrolífera Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, disse em outubro de 2023 à Lusa que estava a discutir com o Governo o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira (Coral Sul) e designada Coral Norte, para aumentar a extração de gás.
O plano envolve a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul, disse na altura.
Num estudo da consultora Deloitte concluiu-se em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique – que conta atualmente com projetos em curso ou em estudo de multinacionais petrolíferas como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni - representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (96,2 mil milhões de euros).
Mais lidas