Fisco dá bónus de 5 milhões ao milionário da Prozis que “não precisa de Portugal”

Aos 42 anos, Miguel Milhão é dono de um império na chamada nutrição desportiva, mas que vai muito além disso – desde cedo que adotou o modelo de verticalização industrial, assente em tecnologia por si desenvolvida, produz o que vende e sempre com a marca Prozis, faturando mais de 200 milhões de euros.

No Norte de Portugal, tem atualmente em operação uma dúzia de fábricas – na Póvoa de Lanhoso, Guimarães, Braga, Maia e Famalicão -, que produzem desde refeições congeladas, produtos em pó e comprimidos, manteiga de amendoim e bebidas, brownies, muffins e biscoitos, muesli, pipocas e barras de cereais, roupas desportivas, gelados, molhos, xaropes, gelo seco e até uma unidade produtiva das etiquetas de todos os seus produtos.

Milhão ficou conhecido em Portugal no verão de 2022, quando decidiu apoiar publicamente a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos de acabar com a garantia de direito ao aborto naquele país.

"It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!" (Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a curar-se!), lia-se no "post" publicado pelo empresário português no LinkedIn a 26 de junho de 2022.

Dois dias depois, no seu podcast, Miguel Milhão, num crescendo de declarações cada vez mais incendiárias, afirmou: "Não preciso de Portugal e não preciso da Prozis. Tenho recursos ilimitados. Não me faz espécie", afiançou.

E, num tom provocatório, atirou: "A Prozis não precisa de Portugal, é uma empresa internacional. A Prozis será talvez a marca portuguesa mais conhecida fora de Portugal", rematou.

Apesar de garantir que a Prozis não precisa de Portugal, o grupo tem um histórico de várias candidaturas aprovadas nos programas de fundos europeus, os quais têm comparticipação do Orçamento do Estado português.

E até do famoso Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) beneficia, devendo encaixar, até ao final do próximo ano, um total de 1,2 milhões de euros por conta de um projeto designado "Embalagem do Futuro | + Ecológica + Digital + Inclusiva".

Entretanto, este sábado, 4 de outubro, o Correio da Manhã (CM) noticia que o universo de empresas de Miguel Milhão ganhou 5,1 milhões de euros em benefícios fiscais no ano passado, mais 3,3 milhões do que no ano anterior, quando poupou 1,8 milhões em impostos, tendo a esmagadora maioria do montante sido conseguido por via de incentivos sobre o IRC, que taxa os lucros.

As contas do CM têm por base a lista de beneficiários publicada pelo Fisco, referente a 2024 e que inclui 10 empresas de Milhão. “A Prozis Tech, que tem sede em Esposende e que se dedica a inovação tecnológica, foi a que angariou mais (1,7 milhões de euros). Destaque ainda para a Prozis Com (943 mil euros), localizada na Zona Franca da Madeira e que opera na área do comércio eletrónico”, detalha o mesmo jornal.