No lugar da falida Texmin foram criados 200 empregos e mais de 100 países clientes
Há precisamente sete anos, em janeiro de 2013, os 80 trabalhadores da Temnin - Têxtil do Minho, situada em Lijó, Barcelos, tinham suspendido os contratos de trabalhado por causa dos salários em atraso.
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Sem terem recebido os ordenados de outubro, novembro e dezembro, nem o subsídio de Natal, aguardavam com ansiedade o resultado de dois Processos Especiais de Revitalização (PER) da empresa, que estava asfixiada com um passivo a rondar os seis milhões de euros.
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A salvação surgiria dois meses depois, quando António Santos, formado em engenharia têxtil e que foi diretor de produção de empresas de referência, decidiu comprar todos os ativos da Texmin, desde as instalações aos equipamentos, tendo também ficado com os seus 80 trabalhadores, quase todos com mais de 50 anos.
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Nascia a Cottonanswer, que viria mais tarde a submeter ao Portugal 2020 um ambicioso projeto de investimento, orçado em quase quatro milhões de euros, que foi financiado em metade pelo FEDER.
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Janeiro de 2020: no lugar da antiga Texmin mora atualmente uma empresa que emprega mais de 200 pessoas e que mais que triplicou a sua faturação, em meia dúzia de anos, para cerca de 16 milhões de euros, tendo crescido no último exercício "mais de 10%" em relação ao ano anterior, garante a Cottonanswer, em comunicado.
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Mais: os seus clientes "são 100% internacionais", exportando para "mais de 100 mercados", desde "o Japão, França, Austrália, Holanda, Noruega, Espanha, Itália, Suíça, Bélgica, Alemanha, Suécia, Estados Unidos da América, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Inglaterra e Dinamarca", entre muitos outros.
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"Vamos continuar a trabalhar o mercado internacional e os países com maior potencial em 2020 são Itália, Suécia, Noruega, Alemanha e Estados Unidos", avança António Santos.
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"Contrariando as adversidades e ultrapassando o Brexit, em 2020 vamos continuar a crescer na ordem dos dois dígitos, alicerçando a estratégia no desenvolvimento de dois pilares: o técnico e o criativo - os dois estão intimamente ligados", enfatiza o empresário.
A vantagem de "ser português"
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Para o presidente da Cottonanswer, "o têxtil português deve continuar a apostar na inovação, nas matérias-primas, nas malhas, nos tecidos, mas ao mesmo tempo no ‘fitting’, no design e nas novas ideias e novos criadores, para se diferenciar. Porque nunca nos podemos esquecer que temos [o país] um ‘know-how’ de mais de 150 anos", sublinha Santos.
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"O país deve sobretudo criar uma imagem e um produto que incorpore o ADN português: a sua multiculturalidade, a sua versatilidade e capacidade de adaptação, porque é com isso que o consumidor moderno se identifica. Isto é, no fundo, criar uma identidade nacional na têxtil. Porque nós, portugueses, temos essa capacidade de nos reinventarmos constantemente", sintetiza.
Para este empresário português, com mais de 30 anos de experiência no setor, "a única vantagem que temos em relação aos mercados de baixo preço é exatamente isso - ser português".
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António Santos, que olha para o setor têxtil nacional como um todo, garante que "o cluster têxtil vai revolucionar-se, a tendência é as micro e as pequenas empresas sofrerem uma metamorfose, porque a qualidade transformou-se num valor pré-assumido e o que determinará o sucesso será a criatividade e a inovação".
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Daí que considere "primordial o foco na criatividade como fator de valor acrescentado" produto nacional, considerando que "nunca podemos esquecer que é o consumidor que dita o mercado". De resto, "como podemos reivindicar melhores salários se não valorizamos o produto?"
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