Novo Banco “chumba” PER de gigante dos cogumelos
O administrador de insolvência da Varandas de Sousa, principal empresa do grupo Sousacamp, requereu ao tribunal o encerramento antecipado do Processo Especial de Revitalização (PER), "atenta a impossibilidade de se ver alcançado um acordo" no âmbito das negociações com os credores, que começaram a 4 de Janeiro passado e cujo prazo terminaria esta quinta-feira, 5 de Abril.
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Isto porque o Novo Banco e o grupo Crédito Agrícola, que detêm, respectivamente, 34,1 milhões e 15,9 milhões dos 60 milhões de euros de créditos da empresa, comunicaram ao gestor judicial, a 23 de Março, a "inexistência de condições para, no prazo que ainda medeia até ao término das negociações, se ver discutido e viabilizado um qualquer plano de recuperação".
É que os dois principais credores garantem que não foram tidos nem achados até ao momento pela empresa. Em emails enviados a Bruno Pereira Costa, a mandatária do Novo Banco, assim como a do Crédito Agrícola, informa que, "até à corrente data, não recebeu qualquer proposta ou ‘draft’ do plano, nem foi contactado pela devedora com o objectivo de encetar negociações".
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Posto isto, "não crê que esteja ainda, nesta fase, a contemplar uma consulta aos credores, prévia ao depósito do plano em tribunal". Ora, "dado o elevado montante de créditos reclamados e a complexidade da estrutura e do funcionamento da Varandas de Sousa, a que acresce o facto de estar inserido num grupo empresarial interdependente, considera o Novo Banco não haver condições para, nos cinco dias que a lei estabelece para a apresentação de sugestões ou comentários que possam eventualmente alterar o plano, o poder fazer".
E nem crê também que a empresa do grupo Sousacamp, "que deixou esgotar o prazo de três meses de negociações sem as ter encetado, tenha condições para, nos também cinco dias estabelecidos para o efeito, alterar o plano em função dessas sugestões ou comentários", remata a mandatária do Novo Banco, num email que é replicado pela colega do Crédito Agrícola.
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Apesar de tudo, o administrador judicial garantiu ao Negócios que "a empresa tem uma solução, apenas não a conseguiu fechar a tempo do PER, pelo que a deverá apresentar em sede extra-judicial ou então via processo de insolvência". Uma solução que, tudo indica, "passa pela entrada de novos investidores". Bruno Pereira da Costa afiançou ainda que a Varandas de Sousa "está a laborar e a vender mais", acreditando que, "devido à posição que ocupa no mercado – mais de 90% dos cogumelos frescos que se comem no país provêem deste grupo –, a empresa vai manter-se".
Depois de ter investido 50 milhões de euros – tanto quanto dizia facturar – na abertura de sete fábricas em Portugal e Espanha, empregando mais de 500 pessoas, o grupo arrancou em 2013 com a construção de uma unidade em Vila Real, num investimento de 45 milhões de euros, que ficou a meio com a queda do BES. Artur Sousa tem 60,9% do capital da empresa. Os restantes 39,1% estavam na posse da capital de risco do BES, cujos fundos passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que é detida em 35% pela Sonae IM.
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