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Norte-americanos compram despojos da falida Polopiqué II de grupo com dívidas de 66 milhões

Os equipamentos das duas empresas insolventes do grupo Polopiqué, que entrou em Processo Especial de Revitalização (PER) com dívidas de 66 milhões de euros e já despediu 274 pessoas, foram esta sexta-feira a leilão.

17:07

Há cerca de trinta anos, em plena crise do setor têxtil no Vale do Ave, Luís Magalhães e a sua (ex-mulher) Filipa Magalhães fundavam a Polopiqué, com meia dúzia de trabalhadores, já virada para a exportação.

Após longos anos de crescimento, com o efetivo a ultrapassar as 1.000 pessoas e a faturação os 100 milhões de euros, dos quais o grupo Inditex gerava mais de metade, o grupo Polopiqué entrou crise, nos últimos anos, tendo no passado verão decidido negociar com os credores a sua salvação.

Em agosto, no âmbito da profunda reestruturação que desenhou, viu o tribunal deferir os seus pedidos de instauração de Processos Especiais de Revitalização (PER) para a Polopiqué Comércio e Indústria de Confeções e a Polopiqué Acabamentos Têxteis, ambas sediadas em Santo Tirso, e a insolvência de outras duas - Polopiqué II Tecidos, de Moreira de Cónegos, e a Cottonsmille Confeções , de Vizela.

Objetivo: Livrar-se dos negócios menos rentáveis, para se concentrar nas unidades mais lucrativas, reduzido o seu efetivo de cerca de 800 trabalhadores para metade.

Em termos globais, a Polopiqué apresentou-se a PER com dívidas de 66,5 milhões de euros a 420 credores, com o grupo espanhol Inditex a surgir como a segunda maior credora do grupo português, estando em causa contratos de adiantamento de 12,6 milhões de euros.

À cabeça da lista de credores está o BCP, com 14,2 milhões de euros, enquanto a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem 6,5 milhões de euros reconhecidos pelo gestor judicial.

No caso das duas insolventes, na Polopiqué II os créditos reconhecidos ascendiam a 20,8 milhões de euros, enquanto Cottonsmille fechou com dívidas de 3,9 milhões de euros.

274 trabalhadores despedidos por email: “Taxas de absentismo foram insustentáveis”

A Polopiqué II e a Cottonsmille vinham acumulando prejuízos nos últimos exercícios – em 2023, a primeira registou um resultado negativo de 1,6 milhões de euros e a sua “irmã” mais de um milhão de euros.

Foi por email, durante as férias, em agosto, que os 274 funcionários da Cottonsmile e da Polopiqué ficaram a saber que as empresas já não iriam reabrir.  

“Quero que compreendam que esta não foi uma escolha tomada de ânimo leve, foi fruto de muitos anos de esforço, investimento e tentativas de salvar um projeto que, apesar de tudo, nunca foi estratégico para o grupo”, afirma Luís Guimarães no email dirigido aos trabalhadores da Polopiqué Tecidos que foram dispensados.

“A decisão de encerrar a unidade de Tecidos é, por isso, uma medida necessária para proteger a Polopiqué” e salvaguardar centenas de postos de trabalho, justifica o empresário, recordando que, em 2011, quando adquiriu a empresa, o fez por “responsabilidade moral”, porque a empresa estava com salários em atraso a mais de 300 trabalhadores.

Já no caso da Cottonsmile, as altas taxas de absentismo são apresentadas como uma das razões para o colapso: “A Polopiqué fez tudo o que estava ao seu alcance para manter a unidade Cotton viva […] A realidade é que as taxas de absentismo foram insustentáveis, chegando a atingir 20 a 30 por cento nos últimos tempos”, lê-se no comunicado aos trabalhadores.

Em sede de liquidação, os ativos de ambas as insolventes – equipamentos para a indústria têxtil – foram na tarde desta sexta-feira, 5 de dezembro, alvo de um leilão presencial numa unidade hoteleira de Guimarães.

Os ativos móveis da Polopiqué II – Tecidos, S.A. foram à praça com um valor base de 2.311.790 euros, e os da Cottonsmille – Confecções Unipessoal, Lda. por 48.230 euros.

Os equipamentos da Polopiqué II tiveram apenas uma oferta, de 2,325 milhões de euros, que foi subscrita por um grupo norte-americano, revelou ao Negócios fonte oficial da Leilosoc.

Quanto aos ativos da Cottonsmille, a adjudicação não foi firmada, para já, pois o valor máximo oferecido, de 43.500 euros, ficou abaixo do base que estava fixado. Nestes casos, existe o registo da oferta, que irá agora ser avaliada pela comissão de credores da insolvente.

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