Portugal tem fábrica de lentes com 300 trabalhadores que nasceu israelita e se tornou franco-italiana
Sediada em Vila do Conde, a Shamir Portugal fabrica anualmente cerca de três milhões de lentes oftálmicas, das quais 80% seguem para exportação, tendo fechado o último exercício com uma faturação de 63 milhões de euros.
Fundada em 1972 no kibutz Shamir, situado na região mais elevada da região israelita da Galileia, a Shamir tornou-se um dos maiores grupos mundiais no desenvolvimento e produção de lentes oftálmicas, tendo atualmente 23 unidades e subsidiárias em todo o mundo, incluindo 19 fábricas.
Mais de 300 dos seus cerca de 2.500 funcionários trabalham em Portugal, onde a Shamir aterrou no ano 2000, em Vila do Conde, tendo convertido o esqueleto de uma têxtil que nunca chegou a ser usada numa fábrica de lentes progressivas, com uma equipa de 12 pessoas e uma produção diária de 250 unidades.
A Shamir Portugal fez a sua primeira exportação em 2005, tendo 10 anos depois criado o laboratório InoTime em Lisboa, que corporizou “o primeiro laboratório de ótica acelerada da Europa”, seguindo-se o lançamento em 2019 do “primeiro laboratório móvel de lentes oftálmicas” e, no ano seguinte, a criação do atelier de armações Okiatto no Porto.
A comemorar este mês 25 anos de atividade no nosso país, onde já produziu “mais de 38 milhões de lentes”, a Sharmir Portugal “registou um volume de negócios de cerca de 63 milhões de euros em 2024 – dos quais 65,6% no mercado internacional – e um EBITDA de 5,9 milhões de euros, equivalente a 9,36% do volume de negócios”, revelou Carla Fernandes, diretora financeira da empresa, em declarações ao Negócios.
A faturação cresceu 12% em relação ao ano anterior, enquanto os lucros aumentaram mais de 50% para 3,4 milhões de euros.
“Com três unidades de produção - em Vila do Conde, Porto e Lisboa -, a Shamir Portugal é responsável pelo fabrico anual de cerca de três milhões de lentes oftálmicas, das quais cerca de 80% seguem para exportação - chegando a mais de 30 mercados, sobretudo na Europa”, realçou Carla fernandes.
Garantindo estar atualmente preparada para “entregar mais de 80% das lentes produzidas em Portugal em apenas um a dois dias”, a Shamir Portugal mantém sete profissionais na empresa desde a sua fundação, numa equipa cuja “antiguidade média é de 10 anos”.
“Hoje, assumimos um papel sólido e estratégico no setor ótico português, sendo reconhecidos pela qualidade técnica das nossas lentes, pela capacidade de personalização e pelo apoio consistente que prestamos ao setor”, enfatiza, em comunicado, Luís Feijó, diretor-geral da Shamir Portugal.
“Aliamos tecnologia avançada à proximidade com o mercado, o que nos posiciona como um parceiro de confiança para óticos, quer a nível nacional como internacional”, afiança Luís Feijó, que nasceu em Lisboa há 69 anos e está neste cargo desde janeiro de 2005, quando trocou a Carl Zeiss, em Setúbal, pela Shamir.
O grupo Shamir passou em 2022 a ser integralmente detido pela EssilorLuxottica, multinacional fundada em 1 de outubro de 2018 após a fusão da francesa Essilor com a italiana Luxottica.
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