pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Empresas que geram doutores

João Nunes e Inês Sousa são alunos de doutoramento, mas é na Sonae Indústria e na Siemens Healthcare Sector que desenvolvem os seus projectos. O objectivo é comum: contribuir para o aumento da competitividade das empresas...

06 de Maio de 2010 às 11:02

João Nunes e Inês Sousa são alunos de doutoramento, mas é na Sonae Indústria e na Siemens Healthcare Sector que desenvolvem os seus projectos. O objectivo é comum: contribuir para o aumento da competitividade das empresas.

Rodeado de floresta. Foi assim que João Nunes, 27 anos, nasceu e cresceu em Oliveira do Hospital. Talvez tenha sido por isso que, antes de terminar a licenciatura, estabeleceu como principal objectivo especializar-se em Bioenergia e Floresta. As preocupações eram duas: qual seria a melhor utilização para as florestas e de que forma esta deveria ser feita, de acordo com os critérios ambientais, económicos e sociais.

Terminada a licenciatura em engenharia mecânica, seguiu para um mestrado na mesma área. Estava dado o passo intermédio para a futura especialização no uso sustentável do território florestal. "Porém, existia uma condição, conseguir a 'Bolsa de Doutoramento em Empresas' (BDE)", comenta. Porquê? Por duas razões: primeiro, porque João Nunes queria fazer um doutoramento ligado ao "mundo prático", à investigação aplicada. "Gosto de investigar temas e desenvolver projectos que tenham por base a resolução ou minimização de problemas ou a optimizaçãoe inovação de processos e produtos", diz. Segundo, porque se tinha como ponto de partida o uso sustentável da floresta portuguesa, não fazia sentido não integrar um dos principais processos que existem na cadeira florestal portuguesa: transformação de madeira em produtos com alto valor acrescentado.

Desde 2006 que João Nunes tinha conhecimento da BDE, altura em que se iniciou na investigação. Em Janeiro de 2009, começou o projecto "Optimização Integrada de Ciclo de Vida de Produtos Derivados de Madeira: o sector industrial e o aproveitamento energético da biomassa em Portugal", na Sonae Indústria, no âmbito do doutoramento em Transmissão de Calor, pela Universidade de Coimbra. E é por lá que deve continuar até 2012, altura em que é atingido o período máximo de duração da bolsa.

João Nunes

"O conhecimento científico, com base na investigação aplicada, é fulcral para o desenvolvimento das empresas e do país."

Criar para inovar

"O desafio é, sem dúvida, uma motivação extra." Com o trabalho de João Nunes, o objectivo é o de aumentar a competitividade da Sonae Indústria, mas também a de Portugal.

João Nunes é bolseiro na Sonae Indústria, mas o seu trabalho não se limita ao contexto empresarial.

Além de ter o objectivo de tornar a empresa que o acolheu mais competitiva, também pretende aumentar a competitividade nacional, não fosse a economia portuguesa tão dependente da sua floresta. "Ambas [as perspectivas] têm por base a optimização integrada de ciclo de vida e com um objectivo comum: acrescentar valor à cadeia florestal", explica. A base é criar para inovar, investigando cenários e soluções diferentes. "Esta é a minha visão, baseada nos '3 ii': inovação, investigação e integração)."

Dificuldades? Algumas, se se tiver em conta que um dos principais objectivos do doutoramento é o de contribuir para o desenvolvimento científico. "O conhecimento científico, com base na investigação aplicada, é fulcral para o desenvolvimento das empresas e do país", diz. Encontrar dados económicos e sociais relacionados com o projecto tem sido a principal dificuldade, mas João Nunes encara-os como "desafios sem os quais o doutoramento não teria o mesmo valor e significado".

"O desafio é, sem dúvida, uma motivação extra", afirma.

Para o engenheiro mecânico, o tempo "do tiro ao alvo" já terminou. Agora, é necessário, antes de qualquer investimento ou planeamento estratégico de desenvolvimento, realizar estudos de I&D-I (Investigação, Desenvolvimento e Inovação) rigorosos e que considerem horizontes a curto, médio e longo prazo.

Paulo Pinto de Sousa, director do departamento Corporativo de Engenharia e Sustentabilidade da Sonae Indústria, considera que o projecto de João Nunes pode contribuir para a utilização eficiente do recurso florestal.

"O resultado deste trabalho não tem impacto imediato na nossa actividade, mas estamos convictos de que a qualidade da investigação pode influenciar políticas da gestão florestal que garantam a utilização eficiente deste recurso nacional - a madeira", acrescenta. Para o director, este tipo de estudos são sempre uma fonte de informação credível e independente. Por isso, ajudam a sustentar os posicionamentos da empresa face a várias problemáticas, como as alterações climáticas.

"A Sonae Indústria acredita que a utilização de biomassa (madeira) em produtos derivados de madeira, quando comparados com utilizações alternativas, maximiza a criação de valor, cria mais emprego e aumenta o ciclo de vida da madeira, prolongando o armazenamento de carbono", diz Paulo Pinto de Sousa. Assim, contribui para a redução dos gases com efeitos de estufa, mitigando o seu contributo para as alterações climáticas. A BDE de João Nunes é vantajosa "não só para a empresa e para o país, mas também para o ambiente".

Pinto de Sousa adianta que a Sonae Indústria sempre esteve muito próxima da comunidade académica, tendo já desenvolvido vários projectos de parceria, em áreas como a inovação, e colaborado em trabalhos de fim de curso. "Assim sendo, tem todo o interesse em patrocinar doutoramentos ou outras iniciativas semelhantes, particularmente quando o tema tem impacto na actividade da empresa", acrescenta.

João Nunes

"O conhecimento científico, com base na investigação aplicada, é fulcral para o desenvolvimento das empresas e do país."

"O desafio é, sem dúvida, uma motivação extra." Com o trabalho de João Nunes, o objectivo é o de aumentar a competitividade da Sonae Indústria, mas também a de Portugal.

João Nunes é bolseiro na Sonae Indústria, mas o seu trabalho não se limita ao contexto empresarial.

Além de ter o objectivo de tornar a empresa que o acolheu mais competitiva, também pretende aumentar a competitividade nacional, não fosse a economia portuguesa tão dependente da sua floresta. "Ambas [as perspectivas] têm por base a optimização integrada de ciclo de vida e com um objectivo comum: acrescentar valor à cadeia florestal", explica. A base é criar para inovar, investigando cenários e soluções diferentes. "Esta é a minha visão, baseada nos '3 ii': inovação, investigação e integração)."

Dificuldades? Algumas, se se tiver em conta que um dos principais objectivos do doutoramento é o de contribuir para o desenvolvimento científico. "O conhecimento científico, com base na investigação aplicada, é fulcral para o desenvolvimento das empresas e do país", diz. Encontrar dados económicos e sociais relacionados com o projecto tem sido a principal dificuldade, mas João Nunes encara-os como "desafios sem os quais o doutoramento não teria o mesmo valor e significado".

"O desafio é, sem dúvida, uma motivação extra", afirma.

Para o engenheiro mecânico, o tempo "do tiro ao alvo" já terminou. Agora, é necessário, antes de qualquer investimento ou planeamento estratégico de desenvolvimento, realizar estudos de I&D-I (Investigação, Desenvolvimento e Inovação) rigorosos e que considerem horizontes a curto, médio e longo prazo.

Paulo Pinto de Sousa, director do departamento Corporativo de Engenharia e Sustentabilidade da Sonae Indústria, considera que o projecto de João Nunes pode contribuir para a utilização eficiente do recurso florestal.

"O resultado deste trabalho não tem impacto imediato na nossa actividade, mas estamos convictos de que a qualidade da investigação pode influenciar políticas da gestão florestal que garantam a utilização eficiente deste recurso nacional - a madeira", acrescenta. Para o director, este tipo de estudos são sempre uma fonte de informação credível e independente. Por isso, ajudam a sustentar os posicionamentos da empresa face a várias problemáticas, como as alterações climáticas.

"A Sonae Indústria acredita que a utilização de biomassa (madeira) em produtos derivados de madeira, quando comparados com utilizações alternativas, maximiza a criação de valor, cria mais emprego e aumenta o ciclo de vida da madeira, prolongando o armazenamento de carbono", diz Paulo Pinto de Sousa. Assim, contribui para a redução dos gases com efeitos de estufa, mitigando o seu contributo para as alterações climáticas. A BDE de João Nunes é vantajosa "não só para a empresa e para o país, mas também para o ambiente".

As BDE são uma iniciativa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) juntamente com a Agência de Inovação. A primeira promove a avaliação e gestão das bolsas, enquanto a segunda contribui para a promoção de contactos exploratórios no meio empresarial.

Objectivo: promover a formação avançada em ambiente empresarial em torno de projectos de interesse para a empresa. Desta forma, permite ao estudante obter o grau de doutor, concedido pela sua Universidade. "Pretende-se atrair doutorandos de qualidade que aspirem a trabalhar no desenvolvimento de projectos com interesse empresarial, que sejam considerados pela Universidade como temas adequados para a obtenção do grau de Doutor", explica fonte oficial da FCT.

Aplicar a investigação

Antes de iniciar o doutoramento, João Nunes fazia investigação na área da bioenergia e floresta. Durante cerca de 18 meses, esteve a trabalhar no IN+ (Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Politicas de Desenvolvimento, do Instituto Superior Técnico). Noutros nove, trabalhou na ADAI (Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial).

Para o mestre em engenharia mecânica, a experiência tem sido positiva e produtiva, na medida em que tem contactado com várias entidades (florestais, empresariais e académicas) e desenvolvido uma investigação prática e concreta. "Investigar problemas actuais, ao nível nacional e empresarial, com a finalidade de encontrar as melhores soluções e alternativas foi, certamente, o que mais me impulsionou a 'entrar' nesta experiência", comenta.

O doutoramento tem-se revelado uma experiência única. "Não me arrependo de ter seguido este desafio", diz. E não esquece quem tem contribuído para um "feedback" tão positivo. Dos colaboradores da empresa ao orientador científico e ao executivo governativo, ninguém fica de fora. "Sem este envolvimento e cooperação de todas as entidades não teria sido possível iniciar o meu projecto e ter já alcançado alguns e importantes objectivos definidos no plano de trabalho."

Inês Sousa

"O meu projecto tem um impacto bastante imediato na actividade da Siemens Healthcare, já que permite aplicar no dia-a-dia da prestação de cuidados de saúde, os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética."

Desenvolver a alta tecnologia

O projecto de Inês Sousa permite aplicar os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética. A Siemens Healthcare e os utentes agradecem.

Inês Sousa, 25 anos, está inserida num grupo de investigação do Departamento Top+ Innovation & Excellence, da Siemens Healthcare Sector. O seu projecto consiste na validação de uma nova técnica de medicação da perfusão cerebral por ressonância magnética, sem recorrer ao uso de injecção de contrastes ou radiação ionizante. Mais: Inês Sousa pretende desenvolver modelos que permitam a extracção de várias medidas quantitativas da função cerebral.

O seu trabalho é desenvolvido em parceria com vários hospitais públicos e privados, relacionado com as suas necessidades. "O meu projecto tem um impacto bastante imediato na actividade da Siemens Healthcare, já que permite aplicar no dia-a-dia da prestação de cuidados de saúde, os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética", explica a engenheira biomédica. Assim, permite à empresa fornecer soluções personalizadas e transformar os clientes em parceiros de investigação e desenvolvimento. "A minha contribuição contempla não só os resultados publicados em conferências e revistas internacionais, mas também a partilha de conhecimentos".

Para Inês Sousa, conciliar o doutoramento com o mundo empresarial constitui uma responsabilidade acrescida.

"As várias dificuldades que encontro são encaradas como desafios e oportunidades de evolução."

Filipe Janela, Innovation & Excellence Manager da Simens explica que a empresa tem assumido como estruturas fundamentais da sua actividade, a Inovação e a I&D. Foi neste âmbito que recorreram à BDE. "Estes projectos têm proporcionado o desenvolvimento e consolidação de competências em alta tecnologia, geradores de propriedade intelectual, constituindo-se como resultados de qualidade técnica e científica excepcional."

Este processo tem constituído uma "oportunidade única" para o estreitamento de relações com o meio académico e a FCT. "Tem-se revelado uma experiência muito construtiva, de encontro de estratégias e oportunidades para o desenvolvimento de projectos tecnológicos extremamente inovadores", diz.

Tem sido de tal forma positiva que a Siemens pretende continuar a apoiar e promover as BDE, em parceria com as Instituições do Sistemas Científico e Tecnológico Nacional. "Consideramos que é nesse 'ecossistema' de inovação e I&D que a Siemens poderá contribuir para o desenvolvimento tecnológico nacional e de competências diferenciadas, que aportam valor, reconhecimento e o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade", conclui.

Inês Sousa

"O meu projecto tem um impacto bastante imediato na actividade da Siemens Healthcare, já que permite aplicar no dia-a-dia da prestação de cuidados de saúde, os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética."

O projecto de Inês Sousa permite aplicar os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética. A Siemens Healthcare e os utentes agradecem.

Inês Sousa, 25 anos, está inserida num grupo de investigação do Departamento Top+ Innovation & Excellence, da Siemens Healthcare Sector. O seu projecto consiste na validação de uma nova técnica de medicação da perfusão cerebral por ressonância magnética, sem recorrer ao uso de injecção de contrastes ou radiação ionizante. Mais: Inês Sousa pretende desenvolver modelos que permitam a extracção de várias medidas quantitativas da função cerebral.

O seu trabalho é desenvolvido em parceria com vários hospitais públicos e privados, relacionado com as suas necessidades. "O meu projecto tem um impacto bastante imediato na actividade da Siemens Healthcare, já que permite aplicar no dia-a-dia da prestação de cuidados de saúde, os mais recentes avanços científicos na área da ressonância magnética", explica a engenheira biomédica. Assim, permite à empresa fornecer soluções personalizadas e transformar os clientes em parceiros de investigação e desenvolvimento. "A minha contribuição contempla não só os resultados publicados em conferências e revistas internacionais, mas também a partilha de conhecimentos".

Para Inês Sousa, conciliar o doutoramento com o mundo empresarial constitui uma responsabilidade acrescida.

"As várias dificuldades que encontro são encaradas como desafios e oportunidades de evolução."

Filipe Janela, Innovation & Excellence Manager da Simens explica que a empresa tem assumido como estruturas fundamentais da sua actividade, a Inovação e a I&D. Foi neste âmbito que recorreram à BDE. "Estes projectos têm proporcionado o desenvolvimento e consolidação de competências em alta tecnologia, geradores de propriedade intelectual, constituindo-se como resultados de qualidade técnica e científica excepcional."

Este processo tem constituído uma "oportunidade única" para o estreitamento de relações com o meio académico e a FCT. "Tem-se revelado uma experiência muito construtiva, de encontro de estratégias e oportunidades para o desenvolvimento de projectos tecnológicos extremamente inovadores", diz.

Com concurso permanentemente aberto desde Fevereiro de 2004, as BDE já financiaram cerca de 170 candidatos. Até ao momento, foram apresentadas 232 candidaturas. Só podem candidatar-se cidadãos nacionais e todos os portadores de título de residência em Portugal. As candidaturas submetidas pelos candidatos (já com a empresa e a Universidade associadas) são avaliadas por peritos das respectivas áreas científicas.

"Know-how" para as empresas

Inês Sousa, 25 anos, soube da existência da BDE através da sua orientadora académica, que já tinha estabelecido um projecto de investigação com a Siemens Healthcare, financiado pela FCT. "Decidi concorrer, porque tendo já experiência de investigação em ambiente empresarial, sabia gostar da forte orientação para a obtenção de resultados e para a realidade da evolução da tecnologia médica que lhe são urgentes", explica a mestre em engenharia biomédica.

Foi assim que, no final de Janeiro de 2008, Inês Sousa iniciou o projecto "Desenvolvimento de abordagens quantitativas para imagem funcional por ressonância magnética", no âmbito do seu doutoramento em engenharia biomédica, pelo Instituto Superior Técnico. Antes de abraçar este projecto, já tinha feito um estágio curricular na Philips Research Europe, em Eindhoven, Holanda.

Fazer parte de uma grande empresa multi-nacional e inovadora sempre foi um dos seus objectivos. O doutoramento permite-lhe aprofundar conhecimentos específicos e desenvolver competências de investigação científica. "A interacção e colaboração com vários dos parceiros da Siemens tem sido uma oportunidade única de crescimento e aprendizagem. O doutoramento está a ser uma experiência enriquecedora e positiva", adianta.

Quem quiser concorrer deve elaborar um plano de trabalho. Além deste, a avaliação das bolsas tem em conta os méritos do candidato, do impacto potencial do projecto na empresa e as condições de acolhimento. De que forma a BDE pode fomentar o tecido empresarial português? Segundo fonte oficial da FCT, será pelo carácter inovador dos seus planos de trabalho.

Este "proporciona às empresas um 'know-how' que se traduz em vantagens competitivas", como redução de custos na produção, criação de novos produtos e novas áreas de negócio.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio