Ações da Kioxia valorizam 540% no ano da corrida aos centros de dados para IA
Talvez nunca tenha ouvido falar da fabricante japonesa Kioxia. Mas conta com os gigantes Microsoft e Apple entre os seus clientes. A empresa tem também um valor de mercado de 30,7 mil milhões de euros, o que atesta bem a sua dimensão. E teve um ano de 2025 invejável nos mercados – os títulos da empresa, que apenas foi cotada em dezembro de 2024, valorizaram 540%.
O atual nome pode não ser conhecido do grande público, mas a origem da empresa poderá ser mais familiar. A Kioxia nasceu da separação da divisão de memórias e unidades de armazenamento da japonesa Toshiba em 2018, tendo assumido a denominação Kioxia em 2019.
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A Kioxia é um dos melhores exemplos do impacto que a corrida pelos sistemas de inteligência artificial está a ter em setores e empresas que não criam, diretamente, sistemas de IA. A tecnológica japonesa é uma das maiores produtoras mundiais de sistemas de armazenamento, sendo conhecida pelo fabrico de unidades de armazenamento (das tipologias SSD e NAND), que se tornaram num dos elementos mais procurados para alimentar o "boom" da criação de centros de dados.
Apesar de os grandes centros de dados para IA girarem em torno dos processadores gráficos ou especializados, criados por empresas como a Nvidia, AMD e Google, os sistemas precisam de outros componentes para que estes data centers possam funcionar como supercomputadores. É o caso das unidades de armazenamento, que funcionam como as memórias dos centros de dados. É aqui que são guardados os dados dos utilizadores que permitem aos sistemas de IA melhorar progressivamente e garantir uma maior personalização dos conteúdos.
E o trajeto para a empresa japonesa, assim como para outras tecnológicas da área, promete ser sólido, apesar de existirem alguns receios de sobrevalorização nas empresas mais expostas ao setor da IA. "Com a procura por memória ainda muito acima da oferta, a Kioxia está bem posicionada para resistir às oscilações do mercado de IA em 2026", analisou Amir Anvarzadeh, da área de estratégia da Asymmetric Advisors, citado pela agência de notícias financeiras Bloomberg.
"As preocupações com uma desaceleração do investimento em centros de dados não deverão afetar os preços das memórias no curto prazo", acrescentou o analista.
A Kioxia concorre diretamente com outras empresas no setor das memórias e armazenamento, com destaque para as sul-coreanas Samsung e SK Hynix – cujos títulos já valorizaram 124% e 280%, respetivamente.
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As ações da Kioxia, que no dia 30 negociavam nos 10.435 ienes (cerca de 56 euros ao câmbio atual), atingiram um máximo em novembro, quando chegaram a negociar acima dos 13 mil ienes por título. Mas uma projeção menos otimista da empresa para os trimestres seguintes fez com que as ações da tecnológica tenham afundado nos dias seguintes, operando uma recuperação desde então.
Mas o grande apetite dos centros de dados por componentes como memórias e sistemas de armazenamento está a levar os fabricantes a darem prioridade ao mercado empresarial em detrimento do mercado de consumo – o que já fez, por exemplo, o preço das memórias RAM para computadores pessoais terem aumentado cerca de 500% em alguns casos.
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