Mycujoo, a tevê dos clubes pequenos tem sonhos grandes
A start-up Mycujoo, criada na Suíça por dois irmãos portugueses, João e Pedro Presa, fechou este mês de Março uma ronda de financiamento de 4,3 milhões de francos suíços (3,7 milhões de euros) junto de investidores privados, a qual se destinará a expandir esta plataforma de transmissão em "streaming" (tecnologia que usa a internet para a transferência de dados) de jogos de futebol.
O objectivo deste financiamento é "aprofundar o modelo de negócio e entrar noutro tipo de produtos", por exemplo a criação de "bases de dados de jogadores" explicou Ricardo Presa, irmão de João e Pedro, director da empresa em Portugal, ao Negócios.
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O gestor evoca o exemplo do Olivais e Moscavide, clube actualmente a disputar a série D da segunda divisão que, segundo o seu próprio presidente, já vendeu jogadores devido à transmissão dos jogos. É possível "moldar a plataforma para as necessidades dos clubes e associando-a jogadores", enfatiza Ricardo Presa.
Director da Mycujoo em Portugal
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A Mycujoo nasceu do desespero de Pedro Presa. A viver na Suíça e impossibilitado de ver os jogos do seu clube do coração, o Boavista, que em 2009 havia sido relegado para a terceira divisão, Pedro e o irmão João consideraram que a emissão em "streaming" de jogos de futebol poderia ser uma oportunidade comercial e em 2014 assinaram o seu primeiro acordo passando a transmitir os encontros da equipa feminina do FC Zurique.
Posteriormente, a empresa instalou o seu escritório principal em Amesterdão, Holanda, tendo ainda representações em Singapura, Lisboa e Brasil.
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75 milhões de utilizadores
O modelo de negócio da Mycujoo é simples. "Comercializamos o conteúdo com as entidades que são nossas parceiras e partilhamos receitas resultantes de ‘spots’ comerciais e patrocinadores" explica Ricardo Presa, adiantando que a empresa "dá formação para a transmissão dos jogos, suporte técnico e ajuda na comercialização dos conteúdos". A par disso, possuem um sistema com os melhores momentos do jogo, um produto que também tem potencialidades comerciais.
No início de 2015, a Mycujoo tinha acordos com três clubes, tendo fechado esse ano com 30 equipas, transmitindo 90 jogos em directo. A empresa veio preencher uma lacuna que havia no mercado. "Havia clubes que filmavam os jogos por razões técnicas. O que fizemos foi associar um aparelho de ‘live streaming’ à câmara. Desenvolvemos a nossa própria tecnologia e protegemos os direitos dos conteúdos. A tevê é do clube e damos a garantia de que só há conteúdo oficial", sublinha Ricardo Presa.
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Desde esse ano a Mycujoo entrou numa trajectória de crescimento contínuo. Em 2016 já geria 132 tevês de clubes espalhados por 22 países, tendo transmitido1086 jogos. No ano seguinte somaram 500 tevês e 4400 jogos de 2.250 clubes em 62 países, prevendo fechar 2018 com 75 milhões de utilizadores da plataforma, 16 mil jogos transmitidos e uma receita de 2,8 milhões de euros.
Os parceiros da Mycujoo estão espalhados pelos quatro cantos do mundo. A start-up tem acordos com as confederações de futebol da Ásia e da Oceânia, a norte-americana United Premier Soccer League e 10 federações estaduais do Brasil, entre outras. Em território nacional já têm 98 tevês, sendo que 20 são do campeonato de Portugal e seis de futebol feminino.
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