Zoom bloqueada no Senado dos EUA por receios de segurança

A aplicação de videochamadas Zoom viu a popularidade disparar - assim como o valor dos títulos - durante o surto de covid-19. Contudo, os problemas de segurança estão a pôr travão à ascensão da empresa.
Bloomberg
Ana Batalha Oliveira 09 de Abril de 2020 às 15:01

O Senado dos Estados Unidos recomendou aos seus membros que não utilizassem a aplicação de videochamadas Zoom, apontando falhas de segurança que têm sido evidenciadas desde que o surto de coronavírus lançou esta empresa para a ribalta. Nos mercados, a ascensão a pique tem perdido o fôlego. 

Uma fonte que leu o aviso deixado pelo Senado aos seus membros contou ao Financial Times que a recomendação vai no sentido de que sejam utilizadas plataformas alternativas à Zoom, e acrescentou que esta entidade terá estado perto de banir por completo a utilização da aplicação. Em Portugal, a mesma tecnologia foi utilizada em conselhos de ministros. 

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A Zoom tem sido confrontada com problemas ao nível da proteção dos dados dos utilizadores, e já admitiu ter encaminhado "por engano" estes dados através da China, de forma a lidar com o crescimento abrupto da utilização. Isto, depois de ter inicialmente afirmado que a informação das reuniões dos utilizadores ficaria circunscrita ao país onde se encontrassem. A empresa também já veio pedir desculpas publicamente por ter feito declarações enganadoras sobre a força da respetiva tecnologia de encriptação, que previne o acesso aos dados dos clientes.

Além das questões levantadas quanto à segurança dos dados, acumulam-se relatos de chamadas de vídeo interrompidas por imagens obscenas ou de ódio – um fenómeno que tem ficado conhecido como "zoombombing". O FBI – Federal Bureau of Investigation deu conta de ter recebido várias queixas neste sentido.

A Procuradoria-geral em Nova Iorque já questionou a Zoom acerca das medidas de segurança adotadas pela plataforma desde que a sua utilização disparou, considerando que tem havido uma resposta lenta, avançou o The New York Times.

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Zoom-in e zoom-out em bolsa

As acusações de falhas na segurança têm acompanhado a crescente procura pela plataforma. O surto de coronavírus empurrou muitas empresas para o sistema de teletrabalho e impediu a população de socializar presencialmente, pelo que, enquanto a maioria dos negócios vê quebras substanciais nas receitas e nos mercados, esta aplicação – como outras do género – tem beneficiado das contingências da nova conjuntura, apresentando-se como uma solução conveniente para manter o contacto à distância.

A título de exemplo, a Zoom registou 2,13 milhões de downloads no dia 23 de março, a data em que o isolamento foi decretado no Reino Unido. Dois meses antes, o registo diário era de 56.000 downloads, dizem os dados da Apptopia, citados pelo The Guardian.

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O entusiasmo com a aplicação tem-se manifestado em bolsa com uma trajetória ascendente e a pique desde janeiro, mas que tem visto sucessivas travagens desde o final de março. No primeiro mês do ano a Zoom acabou a ganhar 12,14% em termos acumulados, que em fevereiro engordaram para 37,61%. O mês de março terminou com um saldo positivo reforçado de 39,16%. Na prática, os títulos que valiam 68,04 dólares no final de dezembro, terminaram março nos 146,12 dólares, tendo no dia 23 desse mês ascendido ao máximo histórico de 164,94 dólares.

Zoom bloqueada no Senado dos EUA por receios de segurança

Contudo, a subida acabou por inverter. Na semana de 30 de março a 3 de abril, o saldo foi negativo em 15,49%. Nesta sessão, a acompanhar o sentimento positivo que inunda o mercado norte-americano, a Zoom avança 1,24% para os 119,275 dólares, contando uma valorização desde o início do ano de 77,75%.

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