Portugal passou a contar com mais de 600 mil empresas a adotarem Inteligência Artificial (IA) em 2024, significando que a cada hora 12 empresas adotaram e utilizaram esta tecnologia. 

Os dados surgem no relatório anual da Amazon Web Services (AWS) sobre o desbloqueio das ambições portuguesas em relação à adoção de IA. Só no ano passado, cerca de 96 mil empresas adotaram IA pela primeira vez, o que, na visão da empresa "demonstra um forte ritmo de adoção e o potencial de maior crescimento". 

Face ao reconhecimento da existência de perto de 1,5 milhões de empresas em solo nacional, isto significa que 41% das empresas portuguesas já está a usar IA. Trata-se então de uma subida face aos 35% registados no relatório do ano passado. 

"A adoção está a acelerar a uma taxa de crescimento de 17%", lê-se no relatório da tecnológica. Outro dado interessante é que as empresas portugueses registaram um aumento no investimento em IA em 2024, na ordem dos 24%, situando-se acima da média europeia de 22%. 

As empresas nacionais que responderam aos inquérito evidenciam uma maior aposta neste tipo de tecnologia, com a previsão de que a IA vai representar 16% dos orçamentos de Tecnologias de Informação em 2028.

Os portugueses continuam a ser objetivos em relação aos benefícios da adoção de IA, enumerando "melhorias significativas na produtividade", "automatização de tarefas de rotina" e, acima de tudo, aumentos de receitas significativos. 

O ecossistema das startups em Portugal é o principal "culpado" pelo impulso da adoção de IA. As startups são as empresas na linha da frente da adoção, mostrando disponibilidade para integrar a tecnologia e tirar partido das suas opções avançadas. Os dados mostram que 62% das startups em Portugal já adotaram IA e que 35% está a criar produtos e serviços orientados para tal, sendo que 55% têm a tecnologia já integrada na estratégia.

Em contraste, as grandes empresas e as PME têm sido mais desconfiadas quanto à aposta e estão a ficar para trás. "Há uma preocupação crescente de que muitas delas fiquem limitadas à aplicação básica da tecnologia, focando apenas em ganhos de eficiência e automatização de processos", sustenta o estudo. Significa isso que as empresas com maior dimensão não estão a tirar partido das maiores capacidades da IA. 

"Um estudo recente do Telecoms Advisory Service, encomendado pela AWS, concluiu que a IA baseada na 'cloud' acrescentou mais de 647 milhões de dólares ao PIB de Portugal em 2023. A investigação também concluiu que a 'cloud', no seu conjunto, deverá acrescentar 2,6 biliões de dólares ao PIB da Europa até 2030, com quase 434 mil milhões de dólares provenientes apenas da IA baseada na 'cloud'", aponta a AWS.

As empresas adianta que a falta de competências digitais e literacia, a perceção dos custos iniciais e a insegurança regulamentar são obstáculos que estão a impedir uma adoção mais massiva da tecnologia. "O impacto destas barreiras pode atuar como um travão de mão na velocidade da transformação digital e da inovação em Portugal", acrescenta a tecnológica.

Considerando que Portugal tem "todas as ferramentas necessárias para ter sucesso e se destacar como líder no espaço da IA", a AWS explica que a Estratégia Digital para 2025 lançada pelo Governo lança três pontos para desbloquear o potencial da adoção desta tecnologia. O apoio contínuo às startups portuguesas deve manter-se e deve estar fortemente orientado para a IA, a transformação digital deve ser acelerada em todos os setores de atividade, sejam públicos ou privados e deve verificar-se uma expansão do apoio às PME e grandes empresas para estas integrarem a IA de forma estratégica, não ficando para trás.