Merlin Properties reduz investimento em "data centers" em Portugal
Decreto presidencial ainda de Joe Biden dificultou o acesso de Portugal a tecnologia e levou a Merlin a redimensionar o seu investimento em centros de dados no país.
A Merlin Properties decidiu redimensionar o seu plano de investimentos em centros de dados em Portugal. Segundo a imprensa espanhola, a empresa - que é uma das maiores imobiliárias da Península Ibérica e está cotada no IBEX35 - vai desenvolver apenas um campus de dados de 36 megawatts (MW), o que representa um terço da potência inicialmente prevista.
Em causa, estará o decreto presidencial assinado por Joe Biden, poucos dias antes de abandonar a Casa Branca, que exclui Portugal de uma lista de aliados próximos dos Estados Unidos para a importação de tecnologia. Na prática, Lisboa vê dificultado o acesso a "chips" essenciais para a produção de centros de dados e inteligência artificial.
O decreto norte-americano estará na base da decisão da Merlin Properties, que reconfigura assim o seu investimento em "data centers" no país.
A empresa tinha anunciado, em outubro do ano passado, o início da construção, em parceria com a Edged Energy, de um campus de dados de última geração em Vila Franca de Xira, com uma capacidade inicial de 180 MW, podendo atingir até 300 MW. O campus seria composto por cinco centros de dados operando com 100% de energia renovável e sistemas de refrigeração ultraeficientes, sem consumo de água para arrefecimento.
"Retirámos 72 MW que íamos instalar em Portugal e acrescentámos 78 MW aos ativos localizados em Madrid", terá indicado Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties, durante a assembleia geral de acionistas realizada esta quarta-feira em Madrid.
A decisão de reduzir o investimento em Lisboa surge num contexto de elevada competitividade entre cidades europeias para captar projetos tecnológicos e infraestruturais e num momento em que Portugal procura afirmar-se como um hub tecnológico na Europa.
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