CK Hutchison procura investidor chinês para participar no negócio dos portos do Panamá
A CK Hutchison Holdings, conglomerado de Hong Kong que opera portos no Canal do Panamá, admitiu esta segunda-feira procurar um investidor chinês para integrar o consórcio comprador, decisão que poderá agradar a Pequim, mas aumentar o escrutínio dos EUA.
O plano inicial da CK Hutchison Holdings para vender ativos portuários em dezenas de países a um grupo que inclui a gestora de ativos norte-americana BlackRock Inc. agradou ao Presidente dos EUA, Donald Trump, que acusa a China de interferir nas operações da estratégica via marítima no Panamá. Mas o projeto terá irritado Pequim e motivado uma revisão pelas autoridades chinesas da concorrência.
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Um jornal estatal chinês publicou comentários críticos sobre o negócio, um dos quais o descreveu como uma "traição a todos os chineses".
O gabinete de Pequim com tutela sobre os assuntos de Hong Kong partilhou algumas dessas críticas, num gesto visto como reflexo da posição da liderança chinesa.
Uma subsidiária da Hutchison opera desde 1997 portos em ambas as extremidades do Canal do Panamá.
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Após meses de incerteza, alimentada pelas tensões entre Washington e Pequim, a Hutchison anunciou, em comunicado, que terminou o período de negociações exclusivas com o consórcio.
A empresa acrescentou, no entanto, que "o grupo mantém discussões com membros do consórcio, com vista a convidar um investidor estratégico de peso da República Popular da China para integrar o consórcio", referindo-se à inclusão de um parceiro chinês significativo.
A companhia indicou ainda ser necessário alterar a composição do consórcio e a estrutura da transação para que o negócio obtenha aprovação "de todas as autoridades relevantes".
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A situação constrangedora em que a Hutchison se viu envolvida ao longo de meses evidencia os desafios que as elites empresariais de Hong Kong enfrentam para conciliar as expectativas de lealdade nacional de Pequim, especialmente num período de tensão nas relações entre a China e os EUA.
A CK Hutchison pertence à família do homem mais rico de Hong Kong, Li Ka-shing.
Em 04 de março, o grupo anunciou que ia vender todas as suas participações na Hutchison Port Holdings e na Hutchison Port Group Holdings ao consórcio que inclui a subsidiária da BlackRock Global Infrastructure Partners e a Terminal Investment Limited, ligada à Mediterranean Shipping Company.
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Em maio, o codiretor executivo da Hutchison, Dominic Lai, disse aos acionistas que a Terminal Investment seria o principal investidor. A empresa-mãe é liderada pelo armador italiano Diego Aponte, cuja família mantém uma relação de longa data com a família Li.
O acordo inicial, avaliado em cerca de 23 mil milhões de dólares (19,5 mil milhões de euros), daria ao consórcio o controlo de 43 portos em 23 países, incluindo os portos de Balboa e Cristóbal, situados em cada extremidade do canal.
O negócio, que também necessita da aprovação do Governo panamiano, viu o prazo para negociações exclusivas terminar em 27 de julho.
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