Novo sistema aduaneiro lança "caos" em Leixões com exportações suspensas, alerta associação

Receção de contentores para exportação está atualmente interrompida.
Novo sistema aduaneiro lança 'caos' em Leixões com exportações suspensas, alerta associação
Paulo Duarte / Jornal de Negócios
Lusa 14:25

A Associação dos Transitários de Portugal (APAT) alertou esta terça-feira para um "caos logístico" no porto de Leixões devido a um novo sistema aduaneiro, tendo a concessionária Yilport interrompido receções de contentores para exportação e os despachantes pedido medidas transitórias.

De acordo com um comunicado da APAT enviado à Lusa, "de momento, o Porto de Leixões não pode receber contentores para embarque, uma vez que a capacidade disponível se encontra lotada devido à quantidade de contentores – em espera – no terminal".

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"Caos é a palavra que os agentes encontram – e repetem – para descrever uma situação que poderia, facilmente, ter sido evitada e que penaliza gravemente a economia nacional, as suas exportações e importações, agravando-se pela circunstância de estarmos a falar do maior porto marítimo do Norte do país", refere o comunicado.

Em causa está, segundo a APAT, a "impreparada e precipitada introdução, por parte da Autoridade Tributária, de uma nova plataforma de harmonização aduaneira", o Sistema Integrado dos Meios de Transporte e das Mercadorias (SiMTeM), pelo que "as cargas encontram-se estagnadas e as operações totalmente bloqueadas, colocando em risco o Natal e as cadeias de abastecimento vitais".

Também o concessionário Yilport, que opera o Terminal de Contentores de Leixões, em Matosinhos, no distrito do Porto, informou os operadores, segundo uma mensagem a que a Lusa teve acesso, que se viu compelido "a interromper a receção de contentores de exportação" a partir desta terça-feira.

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Em causa está a "situação complexa atualmente verificada no Terminal de Contentores de Leixões (TCL), decorrente do acumular de contentores de importação em parque, já há vários dias, sem que seja rececionada a sua autorização de saída pelo TCL/Yilport Leixões, e na sequência da entrada em vigor do sistema SiMTeM neste porto e de várias disfunções e dificuldades em processar as autorizações de saída por parte de todos os intervenientes no processo de desalfandegamento".

Já o bastonário dos Despachantes Oficiais, Mário Jorge, numa carta enviada à secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, à diretora-geral da Autoridade Tributária, Helena Alves Borges, a outros subdiretores e a diversos operadores portuários apela "à resolução dos constrangimentos à saída de contentores dos terminais portuários".

A Ordem dos Despachantes Oficiais dirige um apelo "no sentido de serem encontradas soluções práticas e excecionais que permitam a libertação de contentores atualmente retidos, exclusivamente em resultado de erros e constrangimentos técnicos verificados no sistema SiMTeM", pode ler-se na carta.

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Defendendo que "os constrangimentos ora verificados são alheios à vontade e à atuação destes profissionais, resultando de falhas técnicas que têm impedido a normal tramitação dos processos", pede que "seja considerada a adoção de mecanismos transitórios que permitam a libertação dos contentores afetados, salvaguardando naturalmente os interesses de todas as entidades e sem prejuízo da posterior regularização administrativa logo que o sistema se encontre plenamente funcional".

A APAT considera que "este processo de entrada em produção do SiMTeM criou uma gritante disfuncionalidade totalmente evitável", lembrando que foi "perentória em alertar, de forma sistemática e insistente, para os perigos de uma introdução impreparada da nova plataforma de harmonização de procedimentos aduaneiros -- conhecida por SiMTeM".

"Sem os devidos procedimentos de testagem, cruciais para a exigível fluidez das mercadorias e respetivo regular funcionamento das cadeias de abastecimento, a entrada em produção da plataforma seria não menos que caótica", refere.

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No dia 5 de dezembro, a APAT já tinha pedido o adiamento da entrada em produção do SiMTeM, que visa a harmonização dos procedimentos do setor aduaneiro com a Europa.

A Lusa questionou o Ministério das Finanças, que tem a tutela da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), e aguarda resposta.

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