Portos em Espanha "estão 30 anos à nossa frente", considera João Carvalho

O antigo presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes considera que o "investimento é uma consequência de confusões em termos de funções no sistema marítimo-portuário, de políticas públicas, de falta de qualidade".
Portos em Espanha "estão 30 anos à nossa frente", considera João Carvalho
Cláudia Arsénio e Inês Santinhos Gonçalves 25 de Agosto de 2025 às 13:17

O plano para 2035 do Governo prevê um investimento de 4 mil milhões de euros nos portos do continente, mas em Espanha a verba ultrapassa os 7 mil milhões, a executar até 2029. Assim, em metade do prazo definido na estratégia nacional, os portos espanhóis vão receber quase o dobro do investimento. Para João Carvalho, antigo presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, a falta de investimento é uma consequência da falta de planeamento.

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"Não é suficiente, nem nunca será suficiente e nós temos de capacitar que realmente o país não tenha condições, não tenha recursos para tantos montantes para investimento. Aliás, o investimento não é a causa do sistema portuário português. O investimento é uma consequência de confusões em termos de funções neste sistema marítimoportuário, de políticas públicas, de falta de qualidade. Realmente esse é o grande problema, porque não é um problema de haver dinheiro ou não haver dinheiro, ou mais investimento ou menos investimento", começa por criticar em entrevista ao Negócios no NOW.

"Quantos planos de investimento já não foram feitos, por exemplo, nos últimos 20 anos, com montantes que, se não me engano, eram de dois mil milhões de euros, 10% mais ou menos dos montantes para as infraestruturas para o plano até 2030? O que está em causa, efetivamente, é como utilizar, é organizar. Nós estamos sempre a aprender. É precisa organização", continua.

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João Carvalho elogia, por sua vez, os portos espanhóis que "estão 30 anos à nossa frente". "A última grande reforma que foi feita em Portugal foi em 1992. Nessa altura, nós estávamos equiparados praticamente aos portos espanhóis, depois nunca mais fizemos mais nada. São 30 e tal anos sem nós reformarmos o enquadramento", aponta.

O antigo presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes deixa por isso um desafio: "Felizmente este plano tem a reorganização do sistema. Espero que haja coragem e que o Governo tenha coragem para fazer essa organização que é necessária já há muitos anos. E a partir daí começamos então a aproximar-nos de Espanha".

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