Agências de viagens acusam Bruxelas de ceder a lobby das companhias aéreas
O presidente da ANAV acusa Bruxelas de negligenciar os passageiros da UE, uma vez que a uniformização das bagagens de mão deveriam estar na mesa de discussão.
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A Associação Nacional de Agências de Viagens (ANAV) não vê com bons olhos as alterações que os ministros dos transportes querem passar no Parlamento Europeu e acusa Bruxelas de ceder ao lobby praticado pelas companhias aéreas.
Abordando específicamente a questão da bagagem, que tem provocado discórdia e tem sido um dos alvos mais visados pelas companhias aéreas, o presidente da ANAV, Miguel Quintas, garante existirem três aspetos "negligenciados e até ignorados pela União Europeia".
São estas três dimensões que, para a ANAV, justificam e reforçam "a ideia de que há uma evidente cedência ao lobby destas empresas em detrimento dos consumidores".
"A bagagem é uma necessidade básica de qualquer viajante. Qualquer pessoa que vá fazer uma viagem precisa de se fazer acompanhar de itens pessoais indispensáveis ao seu quotidiano e, como acontece em qualquer outro meio de transporte, a bagagem deve estar incluída no preço do bilhete", sustenta o responsável da associação.
A ANA defende que irá ficar sempre do lado dos interesses dos consumidores e que o tema em questão "não poderia passar em claro". Respetivamente, Miguel Quintas lembra que Espanha "multou cinco companhias aéreas 'low-cost' por considerar indevida a cobrança de bagaens de mão e também da seleção de lugares juntos", nomeadamente para acompanhamento de menores.
As agências de viagens consideram existir ainda um "dupla penalização" contra os consumidores. "Uma das principais causas de atraso dos aviões prende-se com a fase inicial de arrumação de malas na cabine por parte dos passageiros", evidencia, considerando que a cobrança destas malas já contempla os atrasos, um maior gasto de combustível por causa do peso da aeronave. Miguel Quintas lembra que a junção do aumento de tempo mínimo para o pagamento de indemnização por atraso é, por si só, uma "dupla penalização dos consumidores em função da proteção de um sistema oligopolista, que é o das companhias".
Na visão deste responsável deveria existir a uniformização das dimensões das bagagens, num momento em que cada empresa decide as suas próprias medidas. "Cada companhia aérea apresenta dimensões diferentes para as bagagens de mão e isto cria um evidente confusão nos passageiros".
"Além de ser mais um motivo para cobrança extra, porque numa viagem que se voe em mais do que uma companhia, cujas dimensões são diferentes, a probabilidade de uma bagagem ser cobrada numa e não noutra é elevada", sustenta o presidente da ANAV, adiantando estar "patente a negligência em relação aos interesses dos consumidores quando nesta revisão nem sequer houve a preocupação de uniformizar as medidas de bagagem exigidas por cada uma destas companhias aéreas".
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