Fundos da Transição Justa financiam hotéis de luxo no Alentejo

Dos 99 milhões de euros destinados a compensar o impacto do fecho da central a carvão, quase 20 milhões vão para projetos turísticos em Grândola e Santiago do Cacém.
Luís Guerreiro
Negócios 08 de Outubro de 2025 às 09:18

O Fundo para a Transição Justa (FTJ), criado pela União Europeia para apoiar regiões afetadas pelo encerramento de atividades poluidoras, como a central a carvão de Sines, vai ser usado para financiar hotéis de luxo em vez de projetos ligados à reconversão profissional de ex-trabalhadores, de incentivo à instalação na região de projectos que, entre outras prioridades, promovessem a redução de emissões, as energias renováveis, a eficiência energética ou a mobilidade sustentável, noticia o .

Segundo a lista de candidaturas aprovadas no âmbito do programa Alentejo 2030, cerca de 19 milhões de euros dos 99 milhões atribuídos ao Alentejo Litoral destinam-se à construção de unidades hoteleiras em Grândola e Santiago do Cacém. Entre os beneficiários estão um hotel de quatro estrelas em Santo André e dois hotéis rurais de cinco estrelas em Melides e Santiago do Cacém, apresentados como empreendimentos sustentáveis.

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Até 31 de agosto, apenas 406 mil euros tinham sido aplicados em reconversão profissional de antigos trabalhadores da central, através do Centro de Formação para a Transição Energética.

O presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, considera que o FTJ “não está a cumprir o papel para o qual foi criado” e critica o facto de o fundo estar “a beneficiar sectores que em nada contribuem para a transição energética, como o turismo”.

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