Moore Threads: A "Nvidia chinesa" que está a dar que falar
A fabricante de “chips” chinesa Moore Threads estreou-se em bolsa na sexta-feira, 5 de dezembro, com uma valorização de mais de 400%. A oferta pública inicial (IPO) em Shanghai permitiu à empresa arrecadar cerca de oito mil milhões de yuan (943 milhões de euros), com uma procura superior em mais de quatro mil vezes à quantidade de ações disponíveis. Mas, afinal, que empresa é esta e que é conhecida como a “Nvidia da China”?
Fabricante de semicondutores, dedica-se mais especificamente ao desenho e desenvolvimento de unidades de processamento gráfico (GPU), essenciais para treinar e executar modelos de linguagem (LLM) de inteligência artificial (IA). Por isso, é tida como uma alternativa aos modelos mais avançados de GPU da norte-americana Nvidia, atualmente impedidos de entrar no mercado chinês devido a restrições impostas por Washington.
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Com sede em Pequim, foi fundada em 2020 por Zhang Jianzhong, um ex-executivo da Nvidia que assumiu funções de vice-presidente global e gestor da divisão chinesa da empresa liderada por Jensen Huang. A experiência técnica de Zhang e as suas relações e conhecimento dos bastidores do setor acabaram por dar à empresa uma maior credibilidade junto de importantes investidores como a Sequoia, a GGV Capital e a ByteDance.
A tecnológica passou a constar da lista de empresas sancionadas pelos EUA em 2023, fator que limita o seu acesso a importantes tecnologias norte-americanas para produção de semicondutores.
Ainda assim, há quem já espere que esta tecnológica venha a ser uma “campeã” da IA na China. A estreia da empresa em bolsa ocorre num momento em que Pequim está a procurar promover de forma agressiva a autossuficiência tecnológica do país, especialmente no que toca à produção de semicondutores avançados. Este clima político e económico criou um terreno fértil para fabricantes nacionais de GPU.
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Analistas citados pela Reuters acreditam que a empresa está numa posição única para beneficiar da necessidade urgente de Pequim de aumentar o seu poder de computação de alto desempenho. A corretora Sinolink Securities ecoou esse sentimento, iniciando a cobertura das ações da empresa com uma classificação de “compra”, citando o potencial da Moore Threads para se tornar “uma força-chave” na corrida pela independência de “chips” da China.
Além disso, o sucesso da empresa em bolsa também reflete um renovado apetite do mercado por cotadas ligadas à IA, depois de receios com a possível sobreavaliação destas empresas terem pressionado o sentimento dos investidores ao longo dos últimos tempos.
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