Dívida pública: OTRV ou CTPM: quem leva a taça?

As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) podem ser uma boa opção para investir a cinco anos caso a Euribor suba. Para montantes baixos os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) vencem a disputa.
Deco Proteste 10 de Janeiro de 2017 às 11:13

Se as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) e os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) fizessem um braço de ferro provavelmente o resultado seria um empate. Ambos são produtos com o prazo máximo de cinco anos, diferem na forma e no rendimento, mas feitas as contas dão quase o mesmo.

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Comecemos pelo braço direito, as OTRV. Os juros são semestrais e de taxa variável, estão dependentes da taxa Euribor acrescida de um prémio. O capital apenas está garantido se mantiver o produto até à maturidade e existem custos, que podem diminuir o rendimento. Por exemplo, no momento atual, as OTRV agosto 2021 apresentam uma cotação muito próxima do valor nominal e o seu rendimento anual ("yield"), caso as adquirisse a essa cotação, seria próximo de 1,5% líquido ao ano, como se pode ver no gráfico ao lado. Mas deve contar ainda com as comissões, já que a compra destes títulos é uma operação de bolsa, e os bancos cobram também comissões pela guarda dos títulos. Além disso, o capital não está garantido antes da maturidade (cinco anos). Assim, comissões e não garantia de capital antes da maturidade são duas desvantagens. Só valem a pena se a Euribor a seis meses subir nos próximos anos, como esperamos, e assim o cupão pago semestralmente também aumentará, tornando este produto interessante. Mas só valem a pena se tiver, montantes elevados para investir, pois os custos das operações de bolsa podem penalizar bastante o rendimento.

No quadro ao lado apresentamos duas simulações de rendimento da emissão mais recente das OTRV que ainda não está cotada em bolsa, partindo do valor atual da Euribor a seis meses. No cenário 1, supomos que esta taxa sobe 0,1% por semestre e no cenário 2 sobe 0,2%. Basta que a Euribor a seis meses suba 0,1% em cada semestre para que a OTRV iguale o mínimo garantido pelos CTPM. Se subisse 0,2% em cada semestre, no final dos cinco anos conseguiria um rendimento anual líquido de 2%.

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Já no braço esquerdo temos os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM), em que os juros são pagos anualmente a taxa crescente, entre 1,25 e 3,25% bruta, e subscrevem-se nos Correios sem quaisquer comissões. Se os mantiver durante os cinco anos, que é o prazo máximo desta aplicação, garantem um mínimo de 1,6% líquidos ao ano. Desvantagem? Não permitem a mobilização no primeiro ano. Quanto a vantagens, além de não ter custos associados e saber quanto vai ganhar, há ainda um prémio que corresponde a 80% da taxa de crescimento do PIB a atribuir nos últimos dois anos, o que pode elevar o rendimento acima dos 1,6%. Segundo as previsões de crescimento do PIB, o rendimento dos CTPM poderá atingir os 2% líquidos ao ano. Em suma, os CTPM são mais apelativos no caso de ter montantes mais baixos (até 5.000 euros) devido à ausência de custos. Quem ganha então o braço de ferro? Em termos de rendimento o resultado é quase um empate, o que pode derrubar um dos braços é o montante que o investidor tem para aplicar, uma vez que nas OTRV só compensa para montantes elevados.

E os Certificados de Aforro?

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Os produtos de dívida pública para os aforradores particulares não se esgotam nos dois citados atrás. O mais popular são os Certificados de Aforro. Mas, no contexto atual não recomendamos a aplicação neste produto. A taxa base da série D, atualmente em subscrição, é apenas 0,5% líquida. Se aplicar durante cinco anos e supondo que a taxa se mantém, obteria apenas um rendimento anual líquido de 0,8%. O rendimento depende da evolução da Euribor a três meses, contudo a fórmula de cálculo não é tão favorável como a das OTRV, que apresentam um rendimento mínimo mais elevado. Na série D dos Certificados de Aforro, a taxa base corresponde à média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores acrescida de 1%, estando limitada entre 0% e 3,5%. Num cenário de subida das taxas, as OTRV serão sempre mais beneficiadas.

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Dívida pública: OTRV ou CTPM: quem leva a taça?

Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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