Quero a minha vida bem guardada

Nem sempre compensa contratar o seguro de vida no banco onde pediu o crédito à habitação. Se é o seu caso, ajudamos a escolher a melhor apólice.
Deco Proteste 14 de Fevereiro de 2018 às 11:08

É um daqueles requisitos que o banco enumera à partida para conceder crédito à habitação com spread bonificado. Seguros de vida e multirriscos-habitação são obrigatórios para ter luz verde no financiamento, e tudo é mais facilitado se for feito "dentro de casa". Aliás, em muitos casos, compensa, não só porque não gasta tempo a procurar uma apólice noutra seguradora, como ainda há uma grande probabilidade de aceder a uma redução no spread (margem de lucro do banco).

Mas compensa sempre? Não. Em alguns casos, o que poupa com a bonificação do spread é inferior àquilo que pode pagar a mais em seguro de vida durante todo o empréstimo, comparando com outras apólices disponíveis no mercado. Para descobrir a melhor solução para o seu caso, vai ter mesmo de fazer contas. Peça ao banco uma projeção do pagamento do crédito ao longo de todo o contrato, com e sem seguros (geralmente, o seguro de vida e o multirriscos-habitação andam de mãos dadas), e contacte as seguradoras que recomendamos para comparar os preços. De um lado, terá a solução integrada do banco, com seguros incluídos e spread bonificado; do outro, as prestações bancárias isoladas, a que somará os prémios do seguro contratado fora do banco. Não se esqueça de olhar para o total de despesas no final do empréstimo. Só assim perceberá o que realmente compensa.

PUB

E todos podem procurar uma apólice diferente daquela que o banco sugere? Sim. De acordo com a lei, nenhum banco pode impor uma seguradora ou uma determinada apólice ao cliente. O que os bancos podem fazer (e praticamente todos fazem) é oferecer benefícios a quem aceita a apólice sugerida. Como um spread mais baixo, que é o cenário mais comum e que convence muitos potenciais clientes a aderirem à proposta.

Invalidez: não é tudo igual

Além da morte, o seguro de vida deve cobrir eventuais situações de invalidez. As apólices mais simples contemplam apenas possíveis situações de invalidez absoluta e definitiva (IAD), ou seja, os casos em que a pessoa segura fica totalmente dependente de terceiros para todas as atividades quotidianas. Já as apólices mais completas - e que recomendamos - referem a invalidez total permanente (ITP), isto é, podem ser acionadas sempre que a incapacidade impeça o segurado de garantir o seu sustento numa profissão compatível com as suas habilitações.

PUB

O prémio a pagar é calculado em função da idade dos segurados e do capital em dívida. Sandra Justino

Responsável pelo estudo

PUB

O prémio a pagar é calculado em função de duas variáveis: a idade dos segurados, que vai aumentando de ano para ano, e o capital em dívida, que, em princípio, vai diminuindo com o passar do tempo e o pagamento mensal das prestações do empréstimo. Grande parte das seguradoras limita a cobertura dos clientes até certa idade. Há apólices que só cobrem a vida dos segurados até aos 75 anos, outras até aos 85. E há ainda seguradoras que condicionam a idade de acesso dos clientes. Algumas só os aceitam até aos 60 anos, outras até aos 65. Depois dessa idade, será mais difícil contratar um crédito à habitação, já que grande parte das seguradoras fecha as portas. E, sem seguro de vida, não há banco que empreste dinheiro.

Segurar um, dois... ou metade?

Quando o empréstimo é contratado por duas pessoas, há que avaliar, precisamente na hora da subscrição, a modalidade de cobertura proposta. A hipótese mais comum passa por contratar uma única apólice para dois segurados, cujo capital do seguro corresponde ao valor total da dívida. Convém lembrar que o beneficiário deste seguro é o banco que financia a compra da casa. Logo, em caso de falecimento ou invalidez de um dos titulares, o banco recebe a indemnização da seguradora no exato valor da dívida, e a casa fica integralmente paga.

PUB
Quero a minha vida bem guardada
PUB

Mas há uma terceira hipótese. Algumas seguradoras propõem uma solução, por vezes mais barata, e que consiste na contratação de dois seguros de vida, cada um deles com capital correspondente a metade do valor da dívida. Neste caso, se um dos titulares falecer, metade do empréstimo fica automaticamente liquidado através da indemnização da seguradora, mantendo-se o outro titular responsável pelo pagamento da restante dívida.

Em todos os casos, é sempre possível optar por contratar capitais superiores ao do valor em dívida. Tem de suportar um prémio superior, é certo, mas o valor que sobrar após o pagamento ao banco reverte a favor dos herdeiros.

Como poupar milhares de euros no final do empréstimo

PUB

Não tendo optado pela contratação do seguro através do banco, pode encontrar na tabela em baixo a nossa classificação das várias apólices e identificar aquela que elegemos como Escolha Acertada.

Esta avaliação resulta da análise à qualidade dos contratos de seguro, com base nas coberturas, nas exclusões e nos preços. Privilegiamos as seguradoras que pagam indemnizações em menos de 30 dias e que consideram a profissão habitual da vítima ou outra compatível com as suas aptidões para valorizar a invalidez. Ao invés, penalizamos as apólices que encurtam a idade limite do termo da cobertura, fechando a porta aos segurados mais velhos.

Aliás, dependendo da idade dos segurados, do capital em dívida e da duração do empréstimo, a poupança pode ser considerável com a nossa Escolha Acertada. Num cenário de financiamento de 100 mil euros a 20 anos para dois titulares com 45 anos, por exemplo, o seguro da April permite poupar 172,25 euros só no primeiro ano, face à média do mercado. Mas cada seguradora distribui a curva de pagamentos de forma diferente ao longo do empréstimo, pelo que considerámos os prémios pagos ao longo de todo o contrato. Por essa razão, não incluímos a Tranquilidade no estudo, já que não nos forneceu uma projeção da evolução dos prémios para o nosso casal fictício.

PUB

Mas é olhando para essa projeção que as contas fazem mais sentido e que se apuram as verdadeiras poupanças. No cenário que definimos, a poupança acumulada com a April ao longo de duas décadas, face à média da concorrência, ultrapassa os 4 mil euros. Na verdade, em média, o nosso casal fictício estaria a poupar 206 euros todos os anos.

Mais uma vez, lembre-se de que o que está em causa é um seguro de vida que reverte a favor do banco, caso lhe aconteça algum infortúnio. E não há maneira de garantir que não vai precisar dele durante a vigência do empréstimo. Mas já diz o ditado que pagar e morrer, quanto mais tarde, melhor. Ora, se não pode evitar morrer, ao menos tente pagar o menos possível.

Quero a minha vida bem guardada
PUB

Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

Pub
Pub
Pub