Corretagem: Fuja dos custos elevados
Se optar pelo serviço de corretagem certo, pode poupar centenas de euros por ano. Mas isso é se não estiver aprisionado a custos de transferência proibitivos
Tem um pé-de-meia e gostaria de o investir no mercado de capitais. Como é novato nestas andanças, compra as ações seguindo os conselhos dados pelo banco ou pela corretora com que está habituado a trabalhar. Entretanto, descobre que não foi a melhor opção para o seu perfil. Ou, então, é um guru da Bolsa, mas não está satisfeito com os serviços prestados ou com as comissões e taxas que lhe estão a cobrar e deseja aproveitar as condições oferecidas por outra corretora, sem abrir mão dos seus investimentos.
Regra número um: para ganhar dinheiro no mercado de capitais é obrigatório escolher os melhores intermediários financeiros para realizar as operações de compra e venda das ações. Isto porque os custos associados (pela compra e venda, custódia de títulos e pagamento de dividendos) podem comer-lhe uma parte dos potenciais rendimentos. Considerando o perfil de um investidor agressivo, é possível poupar mais de 330 euros se optar pelo intermediário certo.
A questão é: apesar de cada consumidor ser livre para escolher o intermediário que melhor serve os seus interesses, nem sempre compensa fazê-lo. Isto porque, pasme-se, há corretoras a cobrar mais de 600 euros pela transferência de uma carteira de ações. Um verdadeiro "assalto" à carteira do investidor. Assim, em regra, a forma mais barata de resolver estes problemas é transformar os investimentos em dinheiro. Leia-se: vender e voltar a comprar os títulos das empresas. Mas já vamos a números!
Como pular a cerca?
Para que uma fatia dos seus investimentos não seja devorada em vão, a PROTESTE INVESTE foi tomar o pulso ao mercado de corretagem online, para encontrar os intermediários financeiros mais competitivos. Fomos averiguar se é viável para um investidor "pular a cerca" na busca das melhores opções, ou se os custos exigidos são uma barreira à mudança de corretora. Encontrámos preços elevadíssimos, que claramente limitam a concorrência e a liberdade de escolha.
A maioria dos intermediários financeiros cobra custos pela transferência do dossiê de títulos. Aplicam uma comissão (fixa ou em percentagem do valor a transferir) por cada espécie de título em carteira. É também frequente que seja mais caro transferir títulos de bolsas internacionais. Dito isto, quanto mais diversificada a carteira a transferir, ou seja, quanto mais ações de empresas distintas e de bolsas diferente possuir, mais cara poderá ficar a transferência.
Outro modelo de custos, que na amostra correspondeu a preços mais baixos, é cobrar uma comissão única pela transferência do dossiê.
De acordo com os nossos cálculos, os valores mais abusivos são praticados pelo Novo Banco e banco BEST (que, recorde-se, é detido a 100% pelo primeiro), onde transferir uma carteira semelhante à que deteria o nosso investidor ativo (10 espécies de ações em carteira) pode custar mais de 600 euros! No extremo oposto, há corretoras que nada cobram (Golden Trader, no seu preçário Gamma, e Orey iTrade apenas repercutem custos cobrados por entidades terceiras, o que é relativamente raro). E há ainda as que apresentam um custo fixo pela transferência de todo o dossiê de títulos (ActivoBank e BPI). Nos casos em que os valores são mais elevados, o investidor pode demorar anos até que a poupança nos custos de negociação compense o custo da transferência, ao mudar para um intermediário mais competitivo.
81%
É quanto pode poupar um pequeno investidor na bolsa nacional, se optar pela nossa Escolha Acertada, por comparação com o intermediário mais caro.
Face a estes valores proibitivos, será que vender e comprar novamente os títulos em carteira no novo intermediário financeiro é a solução? Pode ser uma forma de evitar pagar comissões exorbitantes, mas acarreta algumas desvantagens.
A desvantagem mais imediata é fiscal: todas as vendas de ações terão de ser declaradas e vai registar as correspondentes mais ou menos valias, o que por sua vez altera o imposto a pagar. A longo prazo, o efeito fiscal deverá equilibrar-se, mas os investidores prefeririam dispensar diligências fiscais adicionais. Além disso, ao optar pela venda, estará ausente do mercado durante, pelo menos, alguns dias. Enquanto espera que lhe seja creditado o produto da venda, faz a transferência interbancária para o novo intermediário financeiro e consegue adquirir novamente os títulos.
Negociar com menos custos
A internet é a melhor e mais barata forma de negociar em ações. A maioria dos investidores já o sabe. Em 2016, quase 2/3 das ordens (62,3%) foi dada pelos canais online. Para ter uma ideia de comparação, em 2011, esta proporção rondava os 47%. Em 2016, a PROTESTE INVESTE fez um estudo comparativo de preços entre as diversas plataformas (balcão, telefone e internet) e concluiu que o melhor preçário de telefone ou balcão nem conseguia ficar entre os 15 mais económicos. E, pegando como exemplo no cenário do investidor ativo, que poderá ver nas tabelas ao lado, o custo médio de negociar por telefone era mais do dobro da nossa Escolha Acertada.
O ranking dos intermediários mais baratos permanece quase inalterado desde 2016, dado que a maioria dos preçários não sofreu alterações significativas. O protocolo que estabelecemos com a GoBulling (Banco Carregosa) continua a ser o mais barato entre as corretoras nacionais, nos cenários que analisamos, com as variantes Web (ideal para quem só negoceia na Euronext Lisboa) e Pro. A Orey iTrade e o Banco Invest são alternativas competitivas. Merece referência também o Santander Totta, que introduziu reduções substanciais nas suas comissões de transação, conseguindo intrometer-se na luta pelos lugares cimeiros. Tornou-se o mais competitivo dos bancos de maior dimensão.
DeGiro: barata mas...
De acordo com a nossa pesquisa, a corretora holandesa DeGiro tem um preçário muito competitivo. Com exceção do cenário do investidor que aposta exclusivamente na Bolsa de Lisboa, esta corretora de baixo custo lidera destacada nos restantes cenários. A diferença é considerável, sobretudo quando envolve um maior número de transações nos mercados americanos, onde uma ordem de compra no valor de 5000 euros pode custar menos de 1 euro.
É, portanto, a Degiro a melhor escolha para todos os investidores? Sendo vantajosa em termos de custos, há aspetos a ter em conta: por exemplo, o facto de não ser uma corretora sedeada em Portugal obriga os investidores a recorrer às instâncias de resolução de litígios da Holanda. Outra implicação é estar coberta pelo esquema de proteção holandês, equivalente ao nosso Sistema de Indemnização aos Investidores, mas cuja proteção é um pouco inferior (20 000 euros, contra 25 000 em Portugal).
A outro nível, a liquidez dos clientes é aplicada num fundo de investimento do mercado monetário. Embora o risco seja baixo, a verdade é que, desta forma, não há uma garantia formal do capital investido.
Se os pontos acima não lhe parecem preocupantes e pretende sobretudo reduzir os custos de negociar ações, então, a DeGiro é uma boa opção. Em alternativa, para evitar preocupações, o protocolo que estabelecemos com a GoBulling continua a ser a melhor escolha para a maioria dos cenários, entre os preçários registados em Portugal. Permite poupar mais de 330 euros. De referir também que o preçário em causa é o Custody. A DeGiro oferece outros com custos mais baixos, mas onde os ativos dos clientes são emprestados para vendas a descoberto por parte de outros investidores. Esta prática pressupõe um risco significativo. Recomendamos aos investidores que evitem estes preçários.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
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