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Energias renováveis: Negócio pouco interessante para os bancos

Painéis solares, ar condicionado ou salamandras tornam a casa mais confortável e eficiente. A lei prevê créditos com taxa mais baixa para comprar estes equipamentos. Mas poucos bancos os financiam.

09 de Agosto de 2016 às 10:57

Casa quente no inverno e fresca no verão? Parece um binómio difícil de alcançar em muitos lares portugueses, onde camisolas de lã e mantas fazem a época do frio, e ventoinhas, estores fechados de dia e janelas abertas à noite são as armas possíveis contra o calor.

Em Portugal, a construção poucas vezes privilegia a eficiência energética das habitações. Os equipamentos que fazem uso das energias renováveis, como painéis solares, prometem o nirvana da eficiência sem sobrecarregar a fatura da eletricidade. E a lei até dá uma ajuda, ao limitar a taxa que os bancos podem cobrar ao abrigo do crédito para comprar estes equipamentos. A questão é que os bancos não são obrigados a fazê-lo e, aliás, nem parecem grandemente interessados. Esta é uma das conclusões da nossa investigação, que incluiu um teste prático para avaliar o financiamento das lojas. Se na compra lhe propuserem um crédito sem juros, aproveite, mesmo que tenha de pagar custos pelo processo. A segunda opção mais interessante é o crédito para energias renováveis, possível no Montepio e no Crédito Agrícola. Reserve o crédito pessoal tradicional e o cartão de crédito para os últimos lugares da lista, pois as taxas de juro são elevadas. Já para esclarecer dúvidas sobre estes equipamentos, visite a nossa comunidade em www.energias-renovaveis-emcasa.pt.

Taxa reduzida... se conseguir alcançá-la

A cada três meses, o Banco de Portugal define o limite máximo que as instituições de crédito podem cobrar em cada modalidade de financiamento. Para o segundo trimestre de 2016, e no caso do crédito para energias renováveis, o teto é de 5,5 por cento. Trata-se de uma taxa muito vantajosa, sobretudo se comparada com os valores praticados no crédito pessoal, sem finalidade específica: para o mesmo trimestre, o máximo é de 14,8 por cento. E, se considerarmos os cartões de crédito, o limite vai até aos 17,6 por cento. Daí o interesse do crédito para energias renováveis. Porém, a nossa investigação provou que apenas o Montepio e o Crédito Agrícola o permitem, e que nem todos os equipamentos podem ser alvo de financiamento. O Montepio apenas considera os sistemas solares térmicos e solares fotovoltaicos, bem como as bombas de calor de água quente.

Ficam de fora, por exemplo, os aparelhos de ar condicionado. Este banco empresta de 2.000 a 10 mil euros, durante 36 a 120 meses. No Crédito Agrícola, o valor financiado começa nos 2.500 euros e pode atingir 30.000 euros. Aqui o prazo vai de 24 a 84 meses.

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Bancos

Apenas o Montepio e o Crédito Agrícola concedem crédito para energias renováveis.

Terá ainda de contar com custos iniciais no Montepio, que correspondem a 0,52% do valor financiado, com mínimo de 15,60 euros e máximo de 52 euros. O Crédito Agrícola, por sua vez, prescinde destes encargos. Mas, mensalmente, o Montepio não aplica comissões pela cobrança da mensalidade e o Crédito Agrícola aplica um valor de 1,87 euros.

Para compararmos as propostas destes dois bancos, calculámos a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) cobrada num empréstimo de 5.000 euros a pagar em 36 meses. O Montepio revelou-se a opção mais favorável, com uma TAEG de 4,6%, a que corresponde uma prestação mensal de 148,73 euros.

Crédito rabiscado no papel

Para identificarmos a solução de financiamento mais vantajosa, fizemos ainda um teste prático anónimo no terreno. Visitámos 11 lojas da Grande Lisboa que comercializam este tipo de equipamentos. Na Confort Dutlarte, na Audilar e na Hidrofase, foi-nos dito que não era possível financiar a compra.

Na Electro Neves, apresentaram um crédito em 10 prestações, sem juros, mas o preço seria 10% mais elevado e teríamos despesas de processo junto da entidade financiadora, as quais não foram quantificadas. Nesta situação, é preferível pedir um crédito pessoal num banco e pagar a pronto.

Aki, Leroy Merlin, Media Markt e Worten concedem financiamento através de um cartão de crédito com TAEG na casa dos 18 por cento. O pagamento pode ser feito, consoante os casos, em até 36 prestações. Na loja Worten referiu-se ainda a possibilidade de pagar em 10 vezes sem juros, a título de promoção, desde que o produto integrasse o folheto. Aki e Leroy Merlin também fazem promoções ocasionais de financiamento sem juros.

Já nas lojas Maxmat e SolarWaters recebemos propostas de crédito pessoal tradicional. Além do cartão de crédito, esta opção também está disponível na loja Leroy Merlin. Na Maxmat, o financiamento de um ar condicionado em 12 meses tinha TAEG de 14,7%, na Leroy Merlin, de 15,4% e, na SolarWaters, de 14,9%. No último caso, se preferíssemos um prazo de 24 meses, ficaríamos sujeitos a uma TAEG de 9%.

O funcionário da loja Leroy Merlin avançou uma terceira alternativa: um crédito sem juros, a reembolsar em 12, 24 ou 36 meses, com custos de processo de 1, 2 ou 3% do valor financiado. Para acedermos, teríamos de remodelar duas ou mais divisões, incluindo uma cozinha ou casa de banho.

Ao nível da informação, também se conclui que as lojas não estão preparadas para estas operações. Aki, Electro Neves, Leroy Merlin, SolarWaters e Worten não forneceram a ficha de informação normalizada, que deve acompanhar cada simulação de crédito. E, por vezes, os dados do financiamento foram entregues no velho papel rabiscado à mão .

O nosso estudo Onze lojas e dois créditos bancários

• Enviámos questionários a 34 instituições de crédito, para investigar se comercializam crédito para compra de equipamentos associados a energias renováveis, e obtivemos 16 respostas. Apenas o Montepio apresentou um produto específico. No caso das instituições que não nos responderam, procurámos obter a informação através de sites e preçários. Descobrimos que, adicionalmente, só o Crédito Agrícola dispõe de um produto com tais características. Embora o Santander Totta apresente uma oferta no seu site, esta encontra-se ausente do preçário, pelo que não a considerámos.

• Realizámos ainda um teste prático junto de 11 lojas, para apurar se, na compra do equipamento, poderia ser contratado um crédito. Aki, Leroy Merlin, Maxmat, Media Markt, Worten e Electro Neves foram as únicas que referiram fazê-lo.

Escolha acertada Montepio Geral

Para um crédito de 5.000 euros a amortizar em 36 meses, o Montepio tem a melhor taxa. TAEG 4,6%

www.montepio.pt

crédito agrícola

Se não conseguir o crédito do Montepio, o Crédito Agrícola é a segunda alternativa. TAEG 5,2% (variável) e 5,5% (fixa)

www.creditoagricola.pt

Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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