Para a Seed Studios, jogar na PlayStation não é brincadeira
A empresa foi criada no Porto, mas hoje o seu negócio é global. António Gonçalves, em entrevista por escrito ao Negócios, recordou que a tarefa não foi fácil. "Não existiam recursos humanos, e os que existiam no estrangeiro eram demasiado caros para serem contratados. Como tal, tivemos de desenvolver as nossas próprias competências", disse. E as dificuldades não foram só ao nível dos recursos. "Também a banca desconhecia por completo este modelo de negócio, pelo que também tivemos que os elucidar para esta actividade", acrescentou o responsável.
Passada meia dúzia de anos, e apesar da sua projecção internacional, a Seed Studios não virou as costas ao País, que a viu nascer. "Nem todo o negócio é internacional. Entre o 'Toy Shop Tycoon' para Nintendo DS e o 'Under Siege', produzimos outros três jogos 'flash', em associação com duas pequenas produtoras portuguesas, para a Administração Regional de Saúde do Norte I.P. e o seu programa PASSE (Programa de Alimentação Saudável em Saúde Escolar) especificamente para Portugal", contou António Gonçalves.
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Mas, o que está a colocar esta empresa portuguesa nas bocas do mundo é o seu mais recente jogo. A Seed Studios é responsável pelo desenvolvimento do "Under Siege", o primeiro jogo português para a PlayStation 3, que será lançado no mercado em breve. Com um investimento de 1,4 milhões de euros, a tecnológica espera que só este videojogo venha a gerar 3 milhões. "Quando o 'Under Siege' sair no mercado, não terá concorrência directa, pois será o único jogo de estratégia dedicado à PS3 e à venda em formato digital", detalhou o director-geral da Seed Studios. Este jogo abriu as portas a um universo de 77 milhões de contas em 56 países, ou seja, ao universo da PSN (Playstation Network). "O 'Under Siege' estará à venda directamente em 33 desses países, e de forma indirecta nos restantes", contou António Gonçalves.
O crescimento da empresa nos próximos três anos está planeado, "sem considerar aqui um aumento significativo da nossa actual estrutura. Pensamos aumentar a equipa em 50%, passando para 30 colaboradores", acrescentou o responsável. A Seed Studios continuará a apostar no mercado digital de distribuição.
Perguntas a...
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António Gonçalves
Director-geral da Seed Studios
"Os orçamentos de uma empresa fora de Portugal são mais transparentes"
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O mercado dos jogos e do entretenimento tem tanto de aliciante como de desafiador. O crescimento do negócio da Sony, Nintendo e Microsoft tem vindo a alargar este negócio. António Gonçalves, director-geral da Seed Studios, confessa que ser português não é um óbice - mas a falta de pessoas em Portugal a trabalhar na área sim.
Ser português num mercado tão competitivo é difícil?
Não foi o facto de sermos portugueses que nos colocou as maiores dificuldades. Foi o facto de não haver em Portugal um histórico de pessoas que já tivessem trabalhado nesta área que dificultou a compreensão do mercado e dos desafios tecnológicos que foram surgindo.
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Como é negociar com as grandes produtoras?
Existe uma barreira de dificuldade para conseguirmos os contactos certos. Mas a partir do momento que conseguimos, revelaram-se todos extremamente simpáticos e directos. Existe uma transparência enorme no que toca a falar do negócio, seja sobre o custo de algo ou sobre as margens, toda a gente é directa e diz logo o que quer e como quer. Os orçamentos de uma empresa fora de Portugal são muito mais transparentes e detalhados do que os que são apresentados em Portugal.
Quais as perspectivas para este ano?
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A Playstation Network tem actualmente 77 milhões de contas registadas em 56 países, que incluem a PlayStation 3 e PlayStation Portable. Com a venda do Under Siege, esperamos atingir, no mínimo, os três milhões de euros de facturação em 2011, que corresponde a apenas 0,3% deste mercado. E esperamos que a Seed Studios - com a estrutura actual - atinja os 12 milhões de euros em três anos, sem considerar aqui um aumento significativo da nossa actual estrutura.
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