BCE mantém estímulos inalterados e tom moderado
O Banco Central Europeu (BCE) manteve esta quinta-feira, 7 de Setembro, o seu programa de compra de activos inalterado em 60 mil milhões de euros por mês e a taxa de juro em 0%. A instituição manteve um tom cauteloso, voltando a admitir a possibilidade de aumentar o programa caso o "outlook" piore.
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"O Conselho do BCE decidiu que a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0,00%, 0,25% e -0,40%, respectivamente. O Conselho do BCE espera que as taxas de juro directoras do BCE permaneçam nos níveis actuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de activos", lê-se no comunicado emitido pelo BCE, após a reunião de dois dias do Conselho de Governadores da instituição.
Além de manter o seu programa de estímulos inalterado, o BCE, tal como já tinha acontecido antes do Verão, voltou a reiterar a intenção de continuar a comprar obrigações até ao final do ano, ou além disso, caso seja necessário, "e, em qualquer caso, até que o Conselho do BCE considere que se verifica um ajustamento sustentado da trajectória de inflação, compatível com o seu objectivo para a inflação". Concluído o programa de compra de activos, a instituição continuará a reinvestir o valor investido no mercado. "Se o outlook se tornar menos favorável, ou as condições financeiras se tornarem inconsistentes", ameaçando a recuperação sustentada da inflação para valores próximos da meta de 2% do BCE, a entidade admite aumentar o programa de compra de activos.
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Os economistas acreditavam, porém, que Mario Draghi poderia aproveitar o encontro desta quinta-feira para introduzir pequenas alterações no seu comunicado, preparando o terreno para o anúncio de uma redução de estímulos em Outubro. O Commerzbank exemplificava, numa nota publicada esta manhã, que o BCE poderia substituir a expressão "ou além de [Dezembro de 2017], se necessário", por "e a um ritmo igual ou inferior em 2018", o que acabou por não acontecer.
A forte valorização do euro, que superou recentemente a barreira de 1,20 dólares, pode ter travado qualquer tentativa de endurecer o discurso, o que daria maior força à divisa europeia.
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No final da reunião de Julho, Mario Draghi tinha argumentado que tomou "nota da contínua melhoria do momento económico [mas] não há qualquer sinal convincente de uma recuperação da inflação subjacente [a que não considera energia e bens alimentares e é mais estável], quando se espera que a inflação global se mantenha volátil", tendo insistido nas três palavras que marcaram a mensagem que pretendeu passar no fórum do BCE em Sintra: confiança, persistência e prudência.
"Precisamos de ser persistentes, e prudentes. Ainda não estamos lá" afirmou o presidente da instituição, na conferência de imprensa da última reunião, onde adiou para o Outono qualquer decisão sobre os estímulos.
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