Quatro em cada cinco depósitos rendem 0,5% ou menos
A remuneração dos depósitos a prazo voltou a cair, no ano passado, mantendo a tendência que já regista desde 2012, revela o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2017, publicado pelo Banco de Portugal, esta quarta-feira. Quase 82% destes produtos rendeu 0,5% ou menos.
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"Em 2017, nos depósitos dirigidos ao público em geral, verificaram-se reduções da TANB (taxa anual nominal bruta) média em todos os prazos, face a 2016", refere o Banco de Portugal. Mesmo nos depósitos para novos clientes e novos montantes, que têm uma TANB superior à média, esta caiu.
E, destes, 81,7% apresentavam uma TANB igual ou inferior a 0,5%, mais do que os 72% de 2016. Além disso, 93,1% tinham uma TANB igual ou inferior a 1%. A taxa de remuneração mediana era de 0,2% nos prazos de três meses, seis meses e um ano e de 0,15% no prazo de um mês.
Quanto aos prazos dos depósitos, 83% têm até um ano, sendo que as maturidades mais curtas, até um ano, foram mais frequentes nos depósitos comercializados em exclusivo nos canais digitais (98,4%) do que nos canais tradicionais (76,9%).
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Relativamente aos montantes mínimos de constituição, valores até 500 euros continuaram a ser os mais frequentes, representando 62,3% dos depósitos. Já os depósitos com montantes mínimos de constituição acima dos cinco mil euros diminuiu caíram de 20,4% em 2016 para 15,2% em 2017.
Menos depósitos indexados e duais
Ao longo do ano passado, diminuiu o número de depósitos indexados em comercialização bem como os montantes aplicados. "Em 2017, verificou-se uma redução do mercado dos depósitos indexados e duais, face a 2016, reforçando os decréscimos verificados nesse ano, tanto no número de depósitos comercializados, como nos montantes aplicados e no número de depositantes", frisa o Banco de Portugal.
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Foram comercializados 137 depósitos indexados e duais (menos 42 depósitos do que em 2016), por 11 instituições de crédito (o mesmo número que no ano anterior). E foram aplicados 1997,6 milhões de euros por cerca de 103 mil depositantes, menos 36,5% e 43,7% do que no ano anterior, respectivamente.
No acumulado, no final de 2017, estavam aplicados 7.432,3 milhões de euros em depósitos indexados e duais, o que compara com os 8.865,7 milhões de euros no final de 2016.
Esta diminuição da oferta deveu-se a uma quebra do número de depósitos indexados, já que cresceu o número de depósitos duais comercializados. "Em 2017, as instituições de crédito comercializaram 109 depósitos indexados (menos 32,3%, face a 2016), tendo sido aplicados 1636,4 milhões de euros por cerca de 80 mil depositantes (menos 45% e menos 53,9%, respectivamente, face ao ano anterior)", explica o supervisor.
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E foram comercializados 28 depósitos duais (mais 55,6% do que em 2016), onde foram aplicados 361,2 milhões de euros por cerca de 24 mil depositantes em 2017 (mais 115,2% e mais 120,2% do que em 2016).
O mercado accionista continuou a ser o indexante mais frequente nos depósitos indexados e nas componentes indexadas dos depósitos duais constituídos, tendo o seu peso aumentado significativamente, de 67,1% em 2016 para 90,5%, em 2017.
Quanto às remunerações, no ano passado, venceram-se 187 depósitos indexados e duais, dos quais 141 depósitos indexados e 46 componentes (32 simples e 14 indexadas) de depósitos duais. Dos depósitos indexados vencidos, mais de metade (56,1%) pagaram uma taxa de remuneração inferior à TANB de depósito a prazo simples comercializado pela mesma instituição para o mesmo prazo.
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"Dos depósitos indexados vencidos em 2017, 51,6% auferiram a taxa de remuneração mínima indicada no respectivo prospecto informativo, dos quais 21,9% tiveram uma TANB nula. Em contrapartida, 21,3% dos depósitos indexados vencidos pagaram a TANB máxima prevista no prospecto informativo", frisa o supervisor.
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