Reino Unido processa BCE contra política que ameaça a "City"

O centro financeiro de Londres está ameaçado devido às regras impostas pelo Banco Central Europeu para as câmaras de compensação, acusam os britânicos.
Carla Pedro 14 de Setembro de 2011 às 18:26

Recorde-se que as câmaras de compensação (“clearing houses”) são serviços autónomos da bolsa responsáveis pelo registo, compensação e liquidação, gestão dos mecanismos de segurança e controlo do risco das operações sobre contratos de futuros e opções aí negociados.

Por outras palavras, as câmaras de compensação funcionam como uma garantia adicional às transacções, competindo-lhes compensar uma das partes caso a outra seja incapaz de honrar as suas responsabilidades. Assim, as empresas que pedem a adesão a uma câmara de compensação, estão a diminuir o risco das suas operações.

PUB

Acontece que o BCE quer agora que as câmaras de compensação estejam sedeadas na Zona Euro – da qual o Reino Unido não faz parte – nos casos em que tenham sob gestão mais de 5% do mercado de um produto financeiro denominado em euros.

Isto leva a que a câmara de compensação britânica LCH Clearnet, a maior da Europa, tenha de transferir as suas operações para um mercado da Zona Euro, sendo que, segundo o “Financial Times”, o mais provável é que a escolha recaia sobre Frankfurt ou Paris.

O Reino Unido já vinha a combater há algum tempo os esforços da França no sentido de introduzir numa directiva comunitária a exigência de que as câmaras de compensação tivessem acesso à liquidez do BCE – uma medida que confinaria à Zona Euro a maioria das “clearing houses” denominadas em euros.

PUB

Segundo o “FT”, a acção em tribunal poderá ser intentada a qualquer momento. O Reino Unido vai pedir à justiça que revogue a norma do BCE, sublinhando que esta restringe a livre circulação de capitais e infringe o direito de estabelecer empresas transfronteiriças numa União Europeia onde nem todos partilham a mesma moeda.

A LCH Clearnet está sedeada em Londres e processa todas as operações de negociação de acções que são realizadas na Bolsa de Londres, além de que opera um serviço de compensação de derivados no mercado fora de bolsa, o que a torna numa das maiores “clearing houses” do mundo, sublinha o jornal britânico. A empresa tem também uma câmara de compensação em Paris, a Clearnet SA.

Pub
Pub
Pub