Economia em arrefecimento deixa Wall Street dividida. Tesla cai 3,5%

Com uma economia em arrefecimento e um mercado laboral menos dinâmico, crescem os argumentos para a Fed voltar a cortar nos juros. Mas o clima de incerteza continua a fazer mossa à negociação.
Peter Morgan/AP
Ricardo Jesus Silva 04 de Junho de 2025 às 21:23

Os principais indices norte-americanos encerraram a sessão desta quarta-feira dividos entre ganhos e perdas, numa altura em que a economia norte-americana dá sinais de grande arrefecimento. O mercado laboral está menos dinâmico - o que levou Donald Trump às redes sociais para pressionar a Reserva Federal (Fed) a retomar o ciclo de alívio da política monetária - e o setor dos serviços está em contração, com as empresas a indicarem um aumento nos preços dos materiais e das matérias-primas. 

"O impacto das tarifas está, muito provavelmente, a aumentar os preços pagos pelas empresas do setor de serviços", explica Jeffrey Roach, economista-chefe da LPL Finacial, à Reuters. O cenário de preocupação foi ainda exacerbado por um relatório da ADP que demonstrou que os privados criaram o menor número de postos de emprego em mais de dois anos no mês passado. O tira-teimas vem esta sexta-feira, quando forem conhecidos os dados da criação de emprego, que vão permitir medir com eficiência o real impacto das tarifas no mercado laboral norte-americano.

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Neste contexto, o S&P 500 avançou 0,01% para 5.970,81 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite ganhou 0,32% para 19.460,49 pontos. Já o industrial Dow Jones caiu 0,22% para 42.427,74 pontos. Os três principais índices norte-americanos arrancaram junho com alguma volatilidade, à procura de novos catalisadores, depois de um "rally" de recuperação ter dado o melhor mês em mais de um ano e meio ao S&P 500. 

No campo comercial, termina esta quarta-feira a data limite para os países entregarem as suas melhores propostas à Casa Branca, com a administração Trump ansiosa para começar a alcançar novos acordos para diminuir o clima de incerteza instaurado nos mercados. Além disso, os investidores estão a olhar com expectativa para a reunião entre o Presidente dos EUA e o seu homólogo chinês marcada para esta semana, dias depois de uma ferverosa troca de acusações.

"Se os EUA não conseguirem um acordo com a China, a 'batalha tarifária' continuará a ser uma grande preocupações nos próximos meses e terá um impacto substancial a nível doméstico e  internacional", afirma Phil Blancato, CEO da Ladenburg Thalmann Asset Management, à agência de notícias britânica. 

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Entre as principais movimentações de mercado, a HP valorizou 0,85% para 17,84 dólares, depois de a tecnológica ter apresentado resultados acima do esperado para o seu segundo trimestre fiscal, citando um aumento da procura dos seus serviços de inteligência artificial e de "cloud". Já a CrowdStrike afundou 5,77% para 460,56 dólares, apesar de até ter apresentado resultados em linha com as estimativas nos primeiros três meses do ano. A pesar sobre a negociação da tecnológica estiveram as previsões para o trimestre em exercício, sinalizando um corte no investimento público e privado em produtos de cibersegurança. 

Entre as "sete magníficas", o destaque vai para a Tesla, que caiu 3,55% para 332,05 dólares, depois de a fabricante de automóveis elétricos ter visto as suas vendas no Reino Unido, Alemanha e Itália cair pelo quinto mês consecutivo. 

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