Estará o "Oráculo de Omaha" a perder o dom?

Outubro foi um mês negro para as bolsas. E especialmente pouco simpático para Warren Buffett. Perdeu cerca de 2 mil milhões de dólares na Coca-Cola e na IBM. E admitiu o "erro" na Tesco. Estará a perder os dotes?
Diogo Ferreira Nunes 30 de Outubro de 2014 às 22:30

Warren Buffett é considerado uma das referências dos mercados. Quando é anunciado um movimento de compra ou de venda de títulos, o mercado reflecte esse comportamento. Habitualmente, Buffett está um passo à frente. Mas desta vez deu um passo em falso. Em Outubro, mês que se revelou negro para as bolsas, três das suas apostas fracassaram. O "grande erro" na Tesco e as fortes perdas, de dois mil milhões de dólares, só com as acções da Coca-Cola e da IBM, vieram levantar a questão: estará o "Oráculo de Omaha" a perder o dom?

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As dúvidas começaram logo a 2 de Outubro. "A aposta na Tesco foi um grande erro", admitiu Buffett, em declarações à CNBC. Tão rapidamente admitiu o erro como o tentou corrigir: cerca de duas semanas depois, a 16, a Berskhire Hathaway vendeu 245 milhões de acções. A "holding" de Buffett passou a deter uma participação inferior a 3%. Como a retalhista britânica está em mínimos de 2002, a venda foi feita com prejuízo para o multimilionário norte-americano, que iniciou a compra de acções da Tesco em 2005. A auditoria às contas continua a penalizar os títulos, devido à suspeita de empolamento de resultados em 263 milhões de libras. Mas isto foi só o início da "tempestade".

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Estará o "Oráculo de Omaha" a perder o dom?

No dia seguinte, a 21, Buffett voltou a "perder" mais mil milhões. A Coca-Cola desiludiu os investidores, ao anunciar vendas abaixo das estimativas, mesmo com os lucros no terceiro trimestre do ano a ficarem em linha com as estimativas do mercado. A desilusão dos investidores sobre a implementação de um plano de corte de custos, avaliados em três mil milhões de dólares, foi a outra causa para a "perda de gás" dos títulos da empresa de refrigerantes. Desde 21 de Outubro, o segundo maior investimento de Buffett no portefólio cede 4,38% na bolsa norte-americana.

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Diversificação ajuda

 

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Um erro, admitido, e duas apostas falhadas, reflectidas na queda das cotações das empresas em que investe poderiam arrasar muitos investidores. Mas não Buffett. Outubro não foi assim tão mau como parece. A Berkshire Hathaway acabou por passar incólume ao acumular uma valorização de 1,04% (3,4 mil milhões de dólares). Como? A explicação está no facto de o guru seguir a máxima de não pôr "todos os ovos no mesmo cesto". A "holding" é conhecida pela diversificação do portefólio e por poder manter o equilíbrio apesar dos problemas. "A aceleração da economia dos EUA tem ajudado, em geral, das empresas da Berkshire Hathaway", lembrou na semana passada Noah Buhayar, jornalista da Bloomberg que acompanha Warren Buffett.

 

Por exemplo, lembra-se da Moody's, a agência de notação financeira conhecida, nos últimos anos, por dar um "murro no estômago" a Pedro Passos Coelho? Os lucros acima das estimativas no terceiro trimestre permitiram valorizar a participação de 11,68% de Buffett. Só no mês de Outubro, a valorização é de 3,93%, sendo que muitos outros investimentos do "oráculo de Omaha" apresentaram um comportamento positivo. Assim, apesar das perdas com a Tesco, a Coca-Cola e a IBM, a Berkshire conseguiu aumentar em 3,4 mil milhões de dólares o seu valor em bolsa. As acções da "holding", as mais "caras" do mundo, ficaram ainda mais valiosas: 209.000 dólares, cada.

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A Coca-Cola é uma das apostas mais antigas de Warren Buffett. Contudo, a posição da Berkshire Hathaway no Wells Fargo é a mais valiosa

na carteira de títulos do "Oráculo de Omaha".

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Cortes a menos tiram gás à Coca-Cola

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