Fantasma da guerra comercial interrompe "rally" de Wall Street. Berkshire afunda 5%
Após uma recuperação histórica, Wall Street encerrou a primeira sessão da semana no vermelho. As mensagens contraditórias na esfera comercial fizeram com que os principais índices norte-americanos interrompessem uma série histórica de ganhos consecutivos, numa altura em que o futuro económico dos EUA parece cada vez mais sombrio.
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O "benchmark" para a negociação norte-americana encerrou a sessão a perder 0,64% para 5.650,38 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 0,74% para 17.844,24 pontos. Por sua vez, o industrial Dow Jones, que passou grande parte da sessão a negociar em território positivo, acabou por ceder na reta final e desvalorizou 0,24% para 41.218,83 pontos.
Apesar de ter anunciado que a Casa Branca está prestes a assinar acordos comerciais com uma série de países, Donald Trump decidiu reforçar a sua mensagem protecionista este fim-de-semana, ao revelar que pretende impor tarifas de 100% a todos os filmes produzidos fora dos EUA. O Presidente norte-americano não deu detalhes sobre como iria proceder com estas taxas aduaneiras, mas o anúncio foi suficiente para deixar os investidores apreensivos – e com medo de uma nova escalada na guerra comercial.
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Desde que Washington apresentou a sua nova política tarifária, os mercados financeiros de todo o mundo têm enfrentado grande turbulência. Numa reação inicial às chamadas tarifas recíprocas, apresentadas no infame "dia da libertação", o S&P 500 chegou a cair quase 15%, antes de recuperar e registar nove sessões consecutivas no verde – a maior série de ganhos em mais de duas décadas.
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"Os mercados estão a começar a incorporar estes acordos comerciais, mas o otimismo pode vir a desvanecer-se. Cada semana sem um acordo terá um impacto significativo na economia", explica Art Hogan, estratega de mercados da B Riley Wealth, à Reuters.
Com Trump a colocar a indústria cinematográfica na mira, as principais empresas ligadas ao setor foram castigadas pelos investidores. A Walt Disney e a Netflix perderam 0,41% e 1,94%, respetivamente, enquanto a Amazon – que possui uma divisão de "streaming", a Amazon Prime – caiu 1,91% e a Warner Bros cedeu 1,99%.
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A saída de Warrent Buffet da Berkshire Hathaway foi outro dos destaques do dia. O "Oráculo de Omaha" vai pendurar o chapéu no final do ano ao fim de seis décadas à frente dos destinos do conglomerado e nomeou Greg Abel, "vice-chairman" da empresa, para o seu lugar. Os investidores reagiram negativamente a este anúncio e a empresa, conhecida por ser um espelho da economia norte-americana, com um enorme leque de negócios e investimentos, afundou 5,12% para 512,15 dólares nas ações de classe B.
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Num clima de grande incerteza, a reunião da Reserva Federal (Fed) norte-americana desta quarta-feira poderá dar aos investidores algumas luzes sobre o futuro económico. É esperado que o banco central mantenha as taxas de juro inalteradas, com o mercado a apontar para um corte apenas em julho, seguido de, pelo menos, mais dois até ao final do ano.
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