Reviravolta em Wall Street acaba com Nasdaq a perder mais de 2%

Com os investidores mais céticos em torno de um corte nas taxas de juro em dezembro, os investidores acabaram por fugir do risco. A Nvidia, que chegou a disparar 5%, caiu mais de 3% e o índice do medo atingiu máximos de abril.
AP/Yuki Iwamura
Ricardo Jesus Silva 21:15

Foi uma reviravolta inesperada a meio da sessão. Os principais índices norte-americanos ainda arrancaram a negociação com ganhos expressivos, impulsionados pelos resultados positivos da Nvidia, mas rapidamente inverteram a tendência e acabaram no vermelho, pressionados pelas expectativas em torno do futuro da política monetária da maior economia do mundo. 

O S&P 500 encerrou com perdas de 1,56% para 6.538,76 pontos, enquanto o industrial Dow Jones cedeu 0,84% para 45.752,26 pontos. O tecnológico Nasdaq Composite foi o mais penalizado, ao cair 2,15% para 22.078,05 pontos, uma vez que as estas empresas acabam por beneficiar de um clima menos restritivo nas taxas de juro, já que estão bastante endividadas ou alavancadas por causa dos grandes investimentos que têm feito.

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Jed Ellerbroek, analista da Argent Capital Management, tem dificuldade em especificar um fator que tenha levado a esta reviravolta no mercado, mas aponta para uma "atitude defensiva" dos investidores, numa altura em que parece cada vez mais certo que a Reserva Federal (Fed) não vai cortar as taxas de juro na próxima reunião de dezembro - e o caminho mostra-se obscuro para os encontros seguintes. O VIX, conhecido como o índice do medo de Wall Street, atingiu máximos de abril, quando Donald Trump divulgou a sua nova política comercial ao mundo. 

O mercado laboral norte-americano está a dar sinais de algum fôlego, com a economia a criar 119 mil postos de trabalho em setembro - o dobro das previsões dos analistas. É de relembrar que o banco central tem um duplo mandato de pleno emprego e alcançar a meta de 2% da inflação. Quanto a este último ponto, a presidente da Fed de Cleveland afirmou esta quinta-feira estar contra a redução das taxas de juro, vendo as taxas mais baixas como uma ameaça à estabilidade financeira e à capacidade de conter a inflação.

A Nvidia, que até chegou a disparar 5% esta sessão, acabou a desvalorizar 3,15% para 180,64 dólares. Isto aconteceu apesar de ter registado uma , com as vendas a dispararem 62% para um recorde de 57,01 mil milhões de dólares em termos homólogos - bastante acima das estimativas do mercado.

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Confrontado com uma possível bolha no setor tecnológico, o CEO da empresa, Jensen Huang, desvalorizou os receios, afirmando que vê "as coisas de forma muito diferente", numa altura em que o "rally" das ações ligadas à IA tem enfrentando alguns solavancos. As cotadas do setor ainda foram apanhadas no início da sessão por uma onda de otimismo, mas acabaram a negociação na sua maioria no negativo. 

Entre as restantes principais movimentações de mercado, a Walmart avançou 6,46% para 107,11 dólares, depois de ter revisto em alta pela segunda vez este ano as suas previsões para 2025, após mais um trimestre sólido, impulsionado pelo crescimento das vendas online.

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