Ventos do Japão içam "red flags" em Wall Street
As bolsas norte-americanas fecharam em terreno negativo na sessão desta quinta-feira. Precisamente quando os operadores estavam a tentar respirar de forma mais aliviada, libertando-se da ansiedade provocada pelo receio de que as subidas dos juros diretores pela Reserva Federal trouxessem uma recessão – algo que está agora mais dissipado –, a especulação em torno de um possível ajuste na política monetária do Japão trouxe de novo volatilidade às bolsas.
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O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 0,67%, para 35.282,72 pontos, depois de 13 sessões consecutivas a subir (naquela que foi a mais longa série de ganhos desde 1987).
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Já o Standard & Poor’s 500 encerrou a recuar 0,64% para 4.537,41 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 0,55% para se fixar nos 14.050,11 pontos.
O Banco do Japão (BoJ) tem resistido à adoção de uma política monetária restritiva, optando pela manutenção de uma política acomodatícia – com os juros diretores em território negativo desde 2016, nos -0,1% – e preferindo intervir no mercado cambial e fixando o intervalo de variação das "yields" da dívida soberana a 10 anos.
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Acontece que o banco central nipónico, que tem um novo governador desde abril – Kazuo Ueda –, pode vir a mudar o seu posicionamento. Em dezembro tinha já surpreendido os mercados, ao fazer mudanças na política de controlo da curva das "yields". Com a inflação no Japão a exceder a meta do banco central de 2%, os investidores começaram a vender as obrigações que detinham, a apostar num recuo dos megaestímulos monetários. Mas o Banco do Japão reagiu não com uma subida das taxas de juro, mas com um reforço da compra de dívida para conseguir manter os limites à "yield" das obrigações a 10 anos.
O intervalo admissível de flutuação das taxas de juro de longo prazo, que se situava em 0,25%, foi alargado para 0,5%, o que na prática acaba por ter reflexo nas taxas de juro aplicáveis aos empréstimos a particulares e ao setor privado.
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Agora, está a crescer a especulação de que o BoJ irá ajustar o controlo da curva das "yields", permitindo que as rendibilidades da dívida de longo prazo possam superar o limite de 0,5% até determinado patamar.
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Se o banco central nipónico passar a aceitar "yields" mais elevadas para as suas obrigações soberanas, os mercados rapidamente verão essa decisão como o início de um ciclo de aperto monetário – algo que já se esperava com o novo governador, que se considera ter uma postura mais "hawkish".
As pombas cederão assim lugar aos falcões? A convicção de que tal acontecerá no Japão tem vindo a crescer, o que levou a que o "barómetro do medo" – o índice de volatilidade (VIX) – de Wall Street disparasse hoje para o nível mais alto desde maio.
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