Ebury: "A médio prazo, apontamos novamente para uma desvalorização do dólar"

Joana Vieira, partner da Ebury, estima que futuros cortes nos juros nos EUA e a imprevisibilidade de Trump voltem a pressionar o dólar a médio prazo. O euro beneficiará disso, bem como de um maior crescimento na Zona Euro em 2026.
Ebury: "A médio prazo, apontamos novamente para uma desvalorização do dólar"
Inês Santinhos Gonçalves 01 de Agosto de 2025 às 13:30

. A moeda única europeia registou este ano sucessivos ganhos face ao dólar, mas a maré verde foi interrompida no mês passado. Para Joana Vieira, esta não será uma tendência de longo prazo. A partner da Ebury acredita que o euro vai voltar à mó de cima no final deste ano ou no início do próximo.

"No curto prazo faz sentido que o dólar continue a valorizar. Porquê? Porque no início do ano esta venda do dólar foi demasiado agressiva. Em 50 anos que não víamos, num período de seis meses, uma venda tão agressiva do dólar. Foi exagerado e agora faz sentido que o dólar recupere - já está a recuperar - e continue a recuperar", começa por explicar, em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.

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No entanto, diz, "a médio prazo, ou seja, finais de 2025, 2026, apontamos novamente para uma desvalorização do dólar, porque consideramos que a Fed [Reserva Federal dos EUA] tenha mais espaço para cortar as taxas de juro do que o Banco Central Europeu, porque vai continuar a haver imprevisibilidade à volta das políticas de Trump". "Espera-se que o diferencial do  desempenho económico da Zona Euro e dos Estados Unidos sejam cada vez menor, e também há que ter em conta os estímulos da economia alemã, que provavelmente vão desencadear um crescimento económico positivo na Zona Euro em 2026", explica.

Olhando para as causas da recente desvalorização do euro, Joana Vieira esclarece que se trata, em primeiro lugar, de uma reação face ao reforço do dólar, que beneficia de "uma surpreendente resiliência do estado da economia norte-americana, muito por força de um mercado de trabalho bastante sólido". E também, diz, "porque o impacto da incerteza à volta das tarifas ainda não se está a fazer sentir na atividade das empresas e nos consumidores". "Aliado a isto temos outro fator muito importante, que tem a ver com a Reserva Federal norte-americana ter mantido as taxas de juro inalteradas", explica.

A moeda europeia foi também pressionada pelo recente acordo tarifário entre os EUA e a UE, que fixa taxas de 15% às importações da Europa. "Foi visto como sendo desfavorável à União Europeia. O mercado começou a digerir os detalhes deste acordo, e interpreta que uma taxa de 15% vai ser prejudicial para a Zona Euro", remata.

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