Ganhos do euro face ao dólar não preocupam BCE, diz De Guindos

As tarifas irão pesar no crescimento económico e na inflação da Zona Euro durante anos, considera o vice-presidente do Banco Central Europeu.
De Guindos, do BCE, aborda impacto de tarifas no crescimento da Zona Euro
Juanma Serrano / AP
Pedro Curvelo 16 de Junho de 2025 às 07:22

A maior força da moeda única europeia perante a divisa norte-americana não é uma grande preocupação para o Banco Central Europeu (BCE), considera Luis de Guindos, vice-presidente da autoridade monetária da Zona Euro.

De Guindos assinala que as tarifas irão condicionar o crescimento económico e o nível de preços no bloco da moeda única durante anos, mas ressalva que é reduzido o risco da inflação cair para níveis demasiado baixos.

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O BCE assinalou na última reunião uma pausa no alívio da política monetária apesar das projeções apontarem para a inflação cair abaixo da meta de médio prazo de 2% devido ao contexto de subida do euro e dos baixos preços do petróleo.

"O risco de 'undershooting' é muito limitado, do meu ponto de vista", indicou De Guindos numa entrevista esta segunda-feira à Reuters. "A nossa avaliação é de que os riscos para a inflação estão equilibrados", acrescentou.

Sem confirmar a aposta do mercado de que o BCE apenas reduzirá as taxas de juro mais uma vez este ano, De Guindos disse que "os mercados perceberam perfeitamente o que a presidente [Christine Lagarde] disse sobre estarmos numa boa posição. Acho que os mercados acreditam e já descontaram que estamos muito próximos do nosso objetivo de uma inflação de 2% no médio prazo".

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O euro acumula um ganho de 11% face ao dólar nos últimos três meses, atingindo máximos de quase quatro anos na quinta-feira, nos 1,1632 dólares, mas De Guindos frisou que a taxa de câmbio não tem mostrado sinais de volatilidade. "Penso que nos 1,15 dólares, a taxa de câmbio do euro não será um grande obstáculo", defendeu o responsável. 

De Guindos colocou também "água na fervura" sobre as especulações de que a moeda europeia poderá em breve desafiar o dólar como a divisa dominante a nível global. 

"O papel do dólar como moeda de reserva não será desafiado no curto prazo, na minha opinião", rematou.

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