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Colunista do New York Times vende artigo sobre NFT por quase meio milhão de euros

Outro exemplo recente foi o de uma "casa digital", vendida no passado dia 23 por 288 Ether (424.000 euros).

Kevin Roose
Kevin Roose
26 de Março de 2021 às 02:09

Kevin Roose, colunista do jornal The New York Times (NYT) especializado em tecnologia, vendeu esta quinta-feira um artigo seu, no qual aborda o fenómeno dos ativos únicos digitais (NFT), por 563.400 dólares (cerca de 478.000 euros).

A venda, através de uma plataforma para o efeito, do artigo publicado na quarta-feira encerrou com uma oferta de último minuto de 350 unidades da criptomoeda Ethereum, que equivale no câmbio atual a mais de meio milhão de dólares.

Foi a primeira venda do género deste jornal - e o valor será transferido para o fundo do NYT que ajuda nas situações que identifica como sendo de maior necessidade (Neediest Cases Fund), anunciou Roose na sua conta do Twitter.

We have a winner! The NFT version of this column has sold for 350 ETH, or about $560,000, with proceeds going to the NYT's Neediest Cases Fund. https://t.co/gzbcw6Ymw7

Este artigo de opinião foi vendido como a oportunidade de o proprietário deter "o primeiro artigo em quase 170 anos de história do NYT a ser distribuído como um NFT". E ia acompanhado de uns "extras" para aliciar os potenciais compradores, como uma gravação de voz do apresentador do podcast The Daily, Michael Barbaro, a dar os parabéns, e o anúncio de que haverá uma posterior apresentação do comprador numa peça que será escrita sobre esta venda.

Pouco depois de ter anunciado a venda do seu artigo, Kevin Roose perguntou, num tweet, se alguém conhecia "um bom contabilista de criptomoedas".

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Recorde-se que os NFT são ativos digitais que, através da "blockchain", ficam registados como únicos, irreplicáveis e cujo historial de transações pode ser seguido desde a origem da "obra".

Blockchain, na tradução literal, é uma ‘corrente de blocos’ que é actualizada sempre que se realiza uma nova transacção – e todos os sistemas ligados à rede têm acesso a essa rede, de forma a validar um item e impedir que ele seja vendido duas ou mais vezes. Esta tecnologia é, em suma, um sistema que permite a acumulação descentralizada dos ativos, com uma série de chaves de segurança.

Vários NFT foram já vendidos por elevados valores - como foi o caso do primeiro tweet do fundador do Twitter, Jack Dorsey, "arrematado" por um empresário malaio por 2,9 milhões de dólares (2,45 milhões de euros). 

Outro exemplo recente foi o de uma "casa digital", vendida no passado dia 23 por 288 Ether (424.000 euros). O proprietário desta casa (que é como quem diz o ‘proprietário do ficheiro 3D’) poderá percorrer toda a "Casa de Marte" através da realidade virtual.

A casa tem este nome por estar inserida num cenário do planeta Marte e foi desenhada pela artista Krista Kim, fundadora do movimento artístico techism – que promove a confluência de arte e tecnologia e a inovação tecnológica como um meio para estimular o desenvolvimento do humanismo digital. Krista Kim cria peças abstratas de grande dimensão, inspirada pela luz.

A SuperRare, um mercado de ativos únicos digitais, referiu, citada pelo The Guardian, que esta foi "a primeira casa digital NFT do mundo".

NFT é o acrónimo de "token não fungível", que é um tipo de chave eletrónica criptográfica que representa algo único. Ou seja, não pode ser trocado, segundo a sua especificação individual, da mesma forma que outros criptoativos, como o Monero (uma moeda de privacidade que permite transações irrastreáveis, não interligáveis, privadas e resistentes a análises), explica a Money Times.

Em suma, o NFT "é uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define a originalidade e exclusividade de bens digitais", refere o website Techtudo, sublinhando que a tecnologia do token permite o registo de originalidade para obras digitais e explica os leilões milionários de GIFs, tweets e imagens na Internet.

Então, de uma forma simplificada, um NFT associado a um item digital — uma imagem, foto, vídeo, música, mensagem, post em rede social etc. — torna esse item único perante o mundo, gerando escassez em torno dele e abrindo espaço para que um mercado se instale, envolvendo colecionadores e investidores interessados em aplicar "dinheiro de verdade" na aquisição de obras e ativos digitais, acrescenta o Techtudo.

Com isto, a blockchain abriu um 'mundo' de arte digital, podendo o criador do conteúdo registar a obra como única e podendo o comprador certificar a sua autenticidade.

* Com Lusa

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