Há 20 anos, o mercado estaria alvoroçado. O motivo do pânico nos mercados financeiros era que o candidato Lula da Silva tinha as melhores hipóteses de vencer as eleições presidenciais de 2002.

Mas em 2022, nem a bolsa caiu muito nem o dólar disparou. Aliás, o principal índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa, recua cerca de 1% em setembro, bem menos que os índices americanos S&P500 (- 5,9%) e Nasdaq (-6,5%).

O dólar até recua 10% no ano, com o real com o segundo melhor desempenho no “ranking” global de moedas em 2022.

A postura mais agressiva do banco central americano aflige, mais do que a eleição, o humor dos investidores. A perceção é que é improvável que o resultado da eleição presidencial leve a uma mudança significativa na combinação de macropolíticas de curto prazo e a perspetivas de reformas estruturais.

Além disso, o Congresso deverá permanecer fragmentado e inclinado para o centro-direita, que ajudaria na agenda liberal e a limitar quaisquer políticas mais radicais.

O gestor de fundos Luis Stuhlberger, uma espécie de lenda do mercado financeiro brasileiro, disse que, em caso de vitória, Lula provavelmente não será radical, o que seria positivo para o mercado.

O mercado não considera, neste momento, que seria inevitável um descontrolo fiscal. Um exemplo foi o apoio do Henrique Meirelles [ex-presidente do Banco Central durante o governo Lula, de 2003 a 2011, e ex-ministro da Fazenda do governo Temer, de 2016 a 2018]. Ao mesmo tempo em que deu apoio a Lula, ele comentou, em entrevista, que apoia o tecto de gastos públicos.

A escolha para o seu vice na candidatura, o ex-rival do PSDB, Geraldo Alckmin, também endossa a intenção de o ex-Presidente Lula governar mais ao centro. “Eu não acho que o mercado tenha uma preferência muito clara”, disse um operador, que não quis ser identificado.