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Um quarto antecipa cortar bónus por causa da covid

A maioria das empresas portuguesas alterou os seus planos de aumentos salariais para este ano e para o próximo, devido ao impacto da pandemia. Ainda assim, a maior parte não cortou remunerações devido à covid-19, conclui um estudo da Mercer.

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pessoas José Gageiro/Movephoto
10 de Setembro de 2020 às 08:00
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A pandemia da covid-19 levou os empresários portugueses a alterarem os seus planos de remunerações. Ainda que cerca de 80% não tenham aplicado cortes de salários, triplicou a percentagem de empresas que prevê um congelamento das remunerações no próximo ano e um quarto admite que vai dar menos bónus e outros incentivos de curto prazo aos seus trabalhadores. É esta a conclusão de um estudo da Mercer publicado hoje.

A maioria dos portugueses não sofreu alterações nos seus salários devido à covid-19. Segundo o estudo Total Compensation, realizado pela Mercer, e que fez uma segunda sondagem junto de empresas portuguesas em julho, para contabilizar o impacto da covid-19, cerca de 80% das 466 companhias lusas questionadas não implementaram nem preveem implementar reduções salariais. Ainda assim, quando o tema são compensações de curto prazo, como comissões e bónus, a conversa é outra.

Mais de 90% das empresas (92%) pagaram os valores de bónus relativos a desempenhos em 2019, tal como previsto, mas quase metade – 44% – considera que ainda é cedo para falar deste tipo de remunerações relativas a 2020, sendo que cerca de 23% das empresas antecipam que, a pagar, os valores de remuneração com bónus e outros prémios de curto prazo tenderão a ser inferiores aos relativos ao ano passado.

Ainda no que concerne a prémios relacionados com o desempenho, 19% das empresas indicaram ter atribuído bónus especiais relacionados com a covid-19 para colaboradores considerados como críticos para atingir ou manter os atuais objetivos de negócio da organização, sendo os "técnicos operacionais" o maior grupo elegível para a atribuição deste bónus (100%).

Entre as empresas que deixaram de pagar bónus aos seus funcionários, metade diz que apenas adiou estas compensações, enquanto um quarto refere mesmo que as cancelou.

Garantir um aumento este ano ou no próximo será mais difícil. O mesmo inquérito conclui que quase metade das companhias questionadas admite que a pandemia teve impacto ao nível dos aumentos salariais previstos para 2020, tendo a maioria sido adiada e os restantes sido revistos ou até mesmo congelados.

Enquanto em 2019 só 3% das empresas portuguesas consideravam manter os salários congelados, na primeira fase do inquérito eram já 11% aquelas que diziam que não iriam atualizar salários e, em julho, essa percentagem subiu para 17%.

"2020 trouxe-nos a todos o desafio da pandemia e, ao Total Compensation, a necessidade de fazer refletir o seu impacto na compensação", explica Tiago Borges, "career business leader" da Mercer. Face ao momento especial que se vive, a consultora decidiu fazer uma segunda fase de recolha de dados em julho, de modo a poder apresentar nos resultados do estudo informação atual sobre os impactos da covid-19 ao nível da compensação. "Assim, as tendências que hoje apresentamos focam as ações tomadas pelas empresas em Portugal, na sua necessidade de responder a uma situação sem precedentes. Congelar salários e contratações são exemplos das medidas mais duras, mas, numa perspetiva positiva, a grande maioria das empresas não prevê diminuir o seu ‘headcount’ nem prevê recorrer a reduções salariais", conclui o mesmo responsável.

Além das mudanças ao nível das remunerações, o estudo da Mercer dá ainda conta das mudanças no estilo de trabalho, com o teletrabalho a assumir uma crescente relevância. Cerca de 77% das empresas aderiram a um reforço ou à implementação de trabalho flexível, dando aos trabalhadores a possibilidade de um horário mais flexível, bem como a escolha entre trabalhar a partir de casa ou de forma presencial no escritório. Uma forma de trabalho que, dizem, vai ficar após a pandemia.

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