Warren Buffet sai de cena. "Era uma espécie de estrela do norte para todos os investidores"
A inspiração do Oráculo de Omaha não passou ao lado de Portugal. A um dia de Buffett deixar os comandos da Berkshire, Emília Vieira garante que a sua Casa de Investimentos só existe por influência do magnata.
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A Berkshire Hathaway vai continuar, mas é sem dúvida o fim de uma era. Esta quarta-feira, Warren Buffett, de 95 anos, deixa a presidência executiva do conglomerado a que deu vida. Emília Vieira, CEO da Casa de Investimentos não hesita: "É uma saída de cena extraordinariamente marcante. Era uma espécie de estrela do norte para todos os investidores".
Conhecido como Oráculo de Omaha – em referência à cidade onde vive e onde fica a sede da 'holding' - o estilo e conselhos de investimento de Buffett foram seguidos por investidores de todo o mundo ao longo de décadas. Em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW, Emília Vieira diz que a sua influência foi essencial para o nascimento da Casa de Investimentos, uma gestora de ativos sediada em Braga. "Muitos entraram neste negócio exatamente por causa do Buffett, pela inspiração que o Buffett representa para todos. Aliás, é exatamente por isso também que a Casa de Investimentos existe e que se prende com a leitura de um livro sobre o Buffett chamado 'Buffettology'", recorda.
Vieira teve a oportunidade de participar três vezes nos eventos anuais da Berkshire, em Ohama - eventos que movem milhares de pessoas e já assumem uma caráter quase lendário, sendo conhecidos como “Woodstock para capitalistas”. Lembra como Warren Buffett e Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire, respondiam, durante quatro ou cinco horas, a perguntas de jornalistas, clientes e acionistas "de forma sempre transparente, clara, com grande integridade".
"A assembleia tinha cerca de 34 mil participantes nesse ano [2014], de todo o mundo. É onde encontramos grandes investidores, onde vimos pessoas que, por si só, já eram altamente reputadas, mas que iam a Omaha, no fundo, para agradecer a Buffett, iam participar de uma cerimónia que acaba por ser muito mais uma peregrinação. Muitos vão a Omaha para lhe agradecer, são acionistas há muito tempo e ficaram muito ricos tendo ações da Berkshire ao longo de décadas", explica.
Emília Vieira lembra como, nesse ano, sabendo que Buffett gostava de ukuleles - que terão sido levados para o Hawai por um português - lhe levou um cavaquinho de presente. "E depois recebi um agradecimento por e-mail, semanas depois de o ter conseguido entregar em Omaha", recorda, sorrindo.
Estes eventos tiveram tal impacto em si que decidiu recriá-los na Casa de Investimentos. "Tentámos replicar o que é a assembleia. No nosso caso, fazêmo-la também por homenagem a Buffett no último sábado de fevereiro, que é a data em que saem as cartas anuais", indica.
Vieira, que foi consultora na banca e lecionou finanças em salas de mercado em vários sítios do mundo, diz que "é muito diferente aquilo que o sistema financeiro faz e aquilo que faz Buffett". "Faz o que é melhor para os seus acionistas. Ele não tem clientes, tem acionistas na Berkshire que, como ele, beneficiam das boas decisões que ele toma. É alguém que nunca perseguiu modas, alguém que nunca vacilou em momentos extraordinários - porque ele atravessa períodos de guerras, de depressões, de graves crises financeiras - e manteve-se sempre um baluarte, um pensamento claro em alturas tão conturbadas", defende.
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