3 acções nacionais para proteger a sua carteira
Depois de uma primeira metade do ano marcada pelo pedido de ajuda de Portugal à UE e por novas incertezas em torno da crise grega, os gestores acreditam que o segundo semestre poderá ser de recuperação na praça nacional. As empresas com maior exposição às economias emergentes são as apostas para vencer o ambiente de volatilidade
2011 adivinha-se um ano desafiante para as empresas cotadas na praça lisboeta. Com o agudizar da crise da dívida soberana nos países do euro a marcar a negociação na bolsa, o índice português não escapa às quedas. Para se proteger desta conjuntura desfavorável, os especialistas recomendam a exposição a companhias com uma dinâmica internacional forte. Galp, Portucel e Cimpor são as cotadas eleitas pelos gestores de acções nacionais.
"Ao longo da segunda metade do ano, as acções vistas como mais expostas às dinâmicas globais deverão ter o melhor desempenho", defende Jorge Guimarães. Para o gestor do Banif Acções Portugal, apesar das quedas do índice, "algumas das empresas mais relevantes na bolsa nacional têm conseguido bons desempenhos operacionais, dada a sua exposição fora de Portugal".
Com a economia nacional a passar um momento difícil, a aposta em companhias com exposição internacional é consensual entre os gestores dos fundos de acções nacionais. "Escolhemos empresas que mesmo num ciclo económico adverso possuem um 'core business' defensivo, um balanço saudável, exposição a mercados emergentes e que de preferência sejam líderes nos seus sectores", argumenta José Valente, gestor do Espírito Santo Portugal Acções.
Também Francisco Oliveira, gestor do Barclays Acções Portugal, considera que actualmente "as acções em que parte dos resultados apresentados são provenientes do mercado externo e em particular de mercados emergentes com níveis superiores de crescimento económico, são as que apresentam razões para um maior optimismo em termos de resultados e performance".
O índice PSI-20 desvaloriza 7,8% desde o início do ano, penalizado pelo risco do país. Apesar deste desempenho negativo, uma solução para a crise grega deverá propiciar uma recuperação do mercado accionista português.
Para o gestor do Espírito Santo Portugal Acções, que este ano apresenta o melhor desempenho da classe, com uma valorização superior a 2%, "a expectativa será de uma recuperação na bolsa nacional na segunda metade do ano de 2011". Jorge Guimarães acredita mesmo que, caso haja um alívio na crise da dívida e os indicadores mundiais não se deteriorem, "é de esperar que o PSI-20 consiga mais do que recuperar as perdas do primeiro semestre".
Apesar das perspectivas optimistas para a segunda metade do ano, o gestor do Barclays Acções Portugal alerta que a "volatilidade no mercado accionista será uma constante", devido ao clima de incerteza em torno da crise da dívida soberana.
Neste ambiente dominado pela expectativa de uma resolução da crise grega e pelos receitas de contágio a outros países europeus, entre os quais Portugal, os gestores mostram-se optimistas para empresas como a Galp, Portucel, Cimpor ou Sonaecom.
No caso da petrolífera, a presença em vários projectos de exploração de petróleo no Brasil está na origem da recomendação de investimento na empresa. Já a aposta na Cimpor é justificada pela forte exposição aos mercados emergentes, enquanto a Portucel é uma das empresas mais rentáveis no sector da pasta e papel europeu.
Galp é a jóia da coroa
Variação em 2011 3,31%
Preço-alvo médio €17,09
Potencial de subida 15,4%
Está na lista das empresas preferidas pelos analistas na Europa e debaixo do radar dos gestores de acções nacionais. A Galp Energia é uma das poucas acções do PSI-20 que soma terreno em 2011 e as expectativas dos especialistas para a segunda metade do ano não poderiam ser mais favoráveis. A justificar a aposta na companhia está a exposição à exploração de petróleo no Brasil. Para Jorge Guimarães, a Galp é uma das empresas em destaque "dado o potencial de valorização da sua exposição à área do pré-sal no Brasil".
Portucel é líder no sector
Variação em 2011 -4,31%
Preço-alvo médio €2,79
Potencial de subida 28,0%
A Portucel é uma das cotadas preferidas dos gestores. A papeleira é classificada como "um dos melhores e mais rentáveis activos do sector papeleiro na Europa", considera Jorge Guimarães, gestor do Banif Acções Portugal. Já José Valente, gestor do E.S. Portugal Acções, realça "as margens de EBITDA mais elevadas no sector" e o rácio de endividamento em função dos resultados operacionais reduzido, "o que diminui o perfil de risco da empresa". Isto "aliado ao facto de grande parte das vendas serem realizadas para o exterior".
Exposição da Cimpor vale aposta
Variação em 2011
Preço-alvo médio €5,84
Potencial de subida 10,5%
A forte exposição da Cimpor a mercados com fortes taxas de crescimento coloca a cimenteira nas escolhas dos gestores para contrariar o mau momento da bolsa nacional, devido ao risco do país. "Mais de 70% das receitas da Cimpor são oriundas de mercados emergentes e a empresa é considerada com uma das mais ficientes face aos seus comparáveis", destaca José Valente. Também Jorge Guimarães realça a forte exposição ao "crescimento do consumo de cimento nos mercados emergentes, nomeadamente o Brasil".
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