OPEP+ estuda abrir ainda mais as torneiras. Aumento pode ser superior a 411 mil barris

Numa tentativa de recuperar a quota de mercado perdida, a OPEP+ tem vindo a levantar as restrições à produção dos seus membros. Mas, em julho, o "cartel" do crude pode ir ainda mais longe.
AP
Ricardo Jesus Silva 30 de Maio de 2025 às 16:02

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) está a considerar acelerar ainda mais a produção de crude. Numa tentativa de recuperar a quota de mercado perdida com o "apertar" das torneiras, o grupo tem vindo a aliviar restrições e, só nos últimos dois meses, decidiu introduzir mais 822 mil barris de petróleo por dia no mercado. Relatos iniciais apontavam para um novo aumento de 411 mil barris em julho, mas o "cartel" está mesmo a equacionar escalar ainda mais a produção, de acordo com o que fontes próximas contaram à Bloomberg. 

Oito membros da aliança liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia vão reunir-se este sabádo, em videoconferência, para discutir um eventual alívio nas restrições. Apesar de vários representantes do grupo terem afirmado que ainda não existiram discussões para um aumento superior aos 411 mil barris, a agência financeira relembra que as decisões da OPEP+ são muitas vezes feitas apenas entre os membros mais poderosos do grupo - muitas vezes com avisos de última hora aos restantes participantes. 

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As decisões do "cartel" do petróleo têm castigado os preços da matéria-prima nos mercados internacionais. O aumento substancial de maio (anunciado em abril), quando a OPEP+ reforçou a produção em mais 411 mil barris por dia, surpreendeu os investidores e marcou um ponto de viragem na estratégia do grupo de manter os preços elevados para preservar as margens de lucro. Isto tudo numa altura em que a procura mundial pela matéria-prima tem vindo a cair e Donald Trump ameaça estimular a produção de crude nos EUA.

O impacto chegou a atirar os preços do petróleo abaixo dos 60 dólares por barril pela primeira vez desde a pandemia da covid-19. Numa primeira reação à notícia avançada pela Bloomberg, o europeu Brent deslizou 0,41% para 63,89 dólares, enquanto o WTI caiu 0,80% para 60,45 dólares - muito próximo dos mínimos de quatro anos atingidos no mês passado. 

O ministro da Energia do Cazaquistão, Alibek Zhamauov, já tinha aludido a um possível aumento acima das expectativas. "Vai existir um aumento, mas se esse vai ser de 400, 500 ou até mesmo 600 mil barris ainda não sabemos - isso só será anunciado no sábado", afirmou na quinta-feira, citado por uma agência de notícias da antiga república soviética. No entanto, os comentários foram desconsiderados pelos mercados, uma vez que o país é conhecido por não respeitar as quotas de produção da aliança de que faz parte. 

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